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Planejamento, digitalização e atendimento: o futuro da Indústria em 2021

em Destaques
sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Angela Gheller (*)

De acordo com uma pesquisa realizada pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), organização profissional técnica dedicada ao avanço da tecnologia, 19% dos respondentes acreditam que a Manufatura será um dos segmentos mais impactados pela tecnologia em 2021.

O estudo também mostrou que 55% dos entrevistados aceleraram a adoção da computação em nuvem durante a pandemia, 52% adotaram o 5G e 51% tiveram projetos de Inteligência Artificial e Machine Learning acelerados. Ainda que a indústria seja um setor muito conservador, esses dados comprovam o impacto da pandemia na digitalização do setor.

O ano de 2020 foi um marco e trouxe grandes aprendizados para a indústria como um todo, pois o setor passa a enxergar que o caminho para a Indústria 4.0 começa com a transformação digital, e que pranchetas e planilhas não combinam mais com a fábrica do futuro. E muitos desses aprendizados se devem ao home office.

Com grande parte do time trabalhando à distância, os gestores conseguiram quebrar o paradigma de que tudo precisa ser feito presencialmente, além de perceber que a tecnologia agiliza a troca de informações, ainda mais considerando a redução de quadro que a maioria das empresas tiveram que fazer.

Pensando em toda essa jornada que foi traçada no último ano, observamos para 2021, ainda que num cenário incerto, um foco e atenção muito grande da manufatura para três principais pontos: digitalização, planejamento e agilidade no atendimento aos clientes.

1) – Digitalização – A Consultoria McKinsey prevê que, até 2025, processos relativos à Manufatura Avançada poderão diminuir custos de manutenção de equipamentos em até 40%, reduzir o consumo de energia em até 20% e, ainda, aumentar a produtividade do trabalho na indústria em até 25%. Com isso, a corrida para acelerar processos manuais no ano passado começou a acontecer de forma gradual e deve continuar crescendo em 2021.

Muitas anotações ainda são feitas em pranchetas no chão de fábrica, mas hoje já existem aplicativos que, se instalados em um tablet por exemplo, trazem apontamentos mais simples, descomplicando os processos com informações em tempo real. Esses aplicativos melhoram as taxas de entrega, diminuem perdas dentro da fábrica e ainda contribuem para o aumento da produtividade dos funcionários.

A grande ressalva aqui é a importância do treinamento dos funcionários. De nada adianta as empresas investirem nas melhores tecnologias disponíveis sem ter cuidado com treinamento. Ele é crucial para conscientizar o time sobre a percepção real dos ganhos para o negócio, além de alcançar todo potencial das tecnologias adotadas.

2) – Planejamento – Outro fator importante alavancado pela pandemia, e que deve ter mais atenção esse ano, é o planejamento da produção, que se torna uma questão mais estratégica, pois é nela que conseguimos visualizar a capacidade que a indústria tem de atender a demanda do mercado e ter a visibilidade de processos dentro da fábrica.

Com uma ferramenta de MRP (Material Requirement Planning), por exemplo, é possível simular vários cenários e analisar o impacto de um novo pedido, calcular prazos, avaliar como vai atender determinado cliente, o que impacta toda a produtividade do dia a dia da indústria.

Esse tipo de sistema ainda considera o estoque insuficiente ou em excesso (ajudando a reduzir perdas), compras equivocadas de insumos e controle do fluxo de caixa. Acreditamos que o setor está olhando para esse ponto com atenção – inclusive entre os nossos clientes tivemos mais de 20 projetos de planejamento avançado nos últimos 18 meses.

Trazendo um exemplo prático: o varejo foi muito impulsionado no último ano pelo atendimento “policanal”, impactando diretamente a indústria. As empresas que não estavam preparadas para atender o aumento dessa demanda provavelmente deixaram de entregar o produto para o consumidor final.

E é por isso que é essencial simular cenários e capacitar a cadeia de suprimentos a trabalhar com condições menos previsíveis. Quanto mais estruturado estiver o processo de planejamento, melhor será a performance da indústria.

3) – Agilidade no atendimento aos clientes – Se o mercado como um todo está mais digital, com consumidores mais exigentes e imediatistas, independente de qual seja o setor, a real transformação digital exige agilidade e preparação para adversidades. Os clientes vão buscar por empresas mais rápidas, com fretes mais baratos e insumos com pronta-entrega.

Sendo assim, esse ponto está ligado aos demais citados para se conseguir vantagem competitiva frente aos concorrentes. Portanto, é fundamental estudar as dores e exigências de seu cliente para então criar estratégias realmente qualitativas.
Vale lembrar que o cliente atual busca, na maioria das vezes, por soluções digitais. Isso significa que seu serviço de atendimento deve dar todo suporte necessário para esse consumidor prosseguir com a compra. Se ele não se sentir seguro, dificilmente fechará ou manterá um negócio com a sua indústria.

Líderes de TI, gestores e tomadores de decisão, para que a Indústria 4.0 realmente aconteça no Brasil é crucial considerar esses pontos. Que a soma de aprendizados e as tecnologias adequadas mudem o patamar da indústria brasileira em 2021.

(*) – É diretora de manufatura, logística e agroindústria da TOTVS.