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Para construir, precisamos ‘demolir’ os desafios de gestão de projetos

em Destaques
segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Leonardo Dahlem (*)

No Brasil, o setor da Construção Civil está crescendo e agregando valor ao país ao colocar a área em destaque na economia nacional.

Com uma ampla gama de possibilidades de projetos, dentro de uma só obra também são diversos os setores que trabalham para a concretização da entrega, passando desde um planejamento prévio até as fases da construção em si, com a participação dos engenheiros e demais colaboradores.

Todas essas fases precisam de coesão para garantir o sucesso da empreitada e um dos estágios mais críticos envolve a orçamentação e gestão financeira. Esses elementos não são apenas essenciais por garantir a viabilidade econômica da obra, mas também para assegurar o potencial da obra de maneira sustentável, dentro do prazo e com a qualidade desejada.

É justamente nessa etapa, iniciada no planejamento e que precisa de monitoramento ao longo da construção, onde muitos gestores se deparam com desafios ao tentar equilibrar recursos, imprevistos e exigências fiscais.

Um levantamento feito em 2023 pela Deloitte e divulgado pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) evidencia justamente estes aspectos como os maiores desafios na cadeia de construção no Brasil: imprevisibilidade de custos, escassez de materiais e de recursos financeiros.

. O valor estratégico do planejamento – Vamos começar entendendo que o nível de complexidade das operações e a exigência de precisão nas análises e tomadas de decisão é particular e específica para cada tipo de obra, seja ela de pequeno, médio ou grande porte. Em obras industriais e comerciais, por exemplo, caracterizadas como grande porte, há muitos desafios multifacetados.

Entretanto, um aspecto que não pode ser negociável é a gestão financeira. Muito além de cálculos matemáticos ou distribuição de recursos, esse gerenciamento precisa englobar um entendimento profundo das necessidades do projeto, combinando técnicas avançadas de análise com um olhar atento aos riscos envolvidos.

Demandando planejamento estratégico, visão a longo prazo e flexibilidade para ajustar as finanças conforme o andamento das obras, a gestão começa muito antes da primeira pá de terra começar o trabalho no terreno. Na fase inicial, o estudo de viabilidade é crucial para determinar se o projeto pode avançar, considerando todos os custos (diretos e indiretos), além de fatores externos, como cenário econômico, variações cambiais e possíveis mudanças tributárias.

Essa visão ampla e estratégica é o que possibilita a previsão de cenários e garante que o orçamento inicial tenha margem para absorver imprevistos sem comprometer a sustentabilidade do projeto.

Para isso, outra etapa fundamental é o acompanhamento financeiro ao longo da execução, afinal, não basta definir um orçamento e segui-lo rigidamente; monitorar continuamente é importante para ajustar previsões, acompanhar os gastos e facilitar a gestão, as tomadas de decisão e a eficiência da obra.

. Mapeando os riscos e as oportunidades – Para a composição de uma gestão financeira robusta, a parte fiscal que envolve uma obra não pode ficar de fora.

Pode até parecer óbvio a sua importância, mas o planejamento fiscal ainda é pouco praticado de forma eficiente, o que impede construções de aproveitarem economias significativas, otimização de incentivos fiscais e oportunidades de regimes tributários diferentes e até mesmo de mecanismos de compensação de impostos.

Alinhar esses processos, ou seja, escolher adequadamente o regime tributário desde o início do projeto é um passo que impacta diretamente o fluxo de caixa, a saúde financeira da obra e todas as demais fases de andamento.

No campo da orçamentação, a precisão fiscal é vital, evitando que um orçamento mal elaborado comprometa a construção, seja por superestimação dos custos ou subestimação dos riscos. Quando o assunto é gestão financeira e orçamentária, a peneira precisa ser fina, com uma análise meticulosa de custos de materiais, mão de obra e despesas com licenças, seguros e taxas.

Tudo o que for deixado de lado será cobrado em algum momento da construção. E o custo não é apenas financeiro, como também oscila grandemente a eficiência e a conservação dos processos ao longo do projeto uma obra. Portanto, a construção exige integração de diversas competências e, dentre os pilares centrais, temos a gestão financeira e fiscal como grandes determinantes para o sucesso da obra.

Sendo processos que requerem uma capacidade estratégica e de adaptação para lidar com diversos cenários simultaneamente, os desafios precisam ser demolidos para que a construção avance e seja entregue com segurança, dentro do prazo e com excelência nas atividades econômicas e operacionais.

(*) – É cofundador da Dahlem (https://dahlemsa.com.br/).