A pandemia do novo coronavírus tem afetado a sociedade como um todo, em diferentes proporções. É possível notar impactos capazes de provocar a transformação permanente da comunidade e do modo com o qual se relaciona. Durante e após a crise proporcionada pela doença, será possível observar novos paradigmas em função da queda do crescimento econômico, do aumento do desemprego, da precarização do trabalho, da reorganização das cidades, entre outras questões.
O coordenador do Ensino Médio e professor de Geografia do Colégio Poliedro, Murilo Cruz, explica que muitas mudanças, para as quais a sociedade precisou se adaptar repentinamente, devem perdurar mesmo após o final da pandemia. “Estamos passando por um momento de aceleração histórica, que acontece quando um conjunto de mudanças latentes, que ainda encontravam resistências legais, culturais e políticas, se concretizam. Algumas transformações podem ser positivas, outras negativas. Os impactos econômicos serão inegáveis e é fato que teremos um novo perfil de sociedade após o fim da pandemia”.
Confira os principais impactos e as tendências, a médio e longo prazo, abordados pelo professor em aulas de Atualidades para os alunos do Ensino Médio do Colégio Poliedro:
1• Economia – É possível observar uma forte queda na economia brasileira e de muitos outros países devido à baixa da demanda e da oferta, que impactam diretamente na questão do desemprego. A automatização crescente também pode virar um obstáculo, intensificando ainda mais o problema. Devemos ter, para os próximos anos, uma perda de poder de barganha dos trabalhadores com as empresas como consequência da crise, situação em que os profissionais tendem a aceitar empregos com condições, leis de proteção e salários menos favoráveis.
O cenário é acompanhado da possível maior recessão da história do País desde o início do Século XX, com queda de aproximadamente 3% do PIB nacional até o final deste ano, conforme aponta relatório do Fundo Monetário Internacional. A atual instabilidade política e decorrente crise de confiança da população contribuem para a potencialização do problema.
Nota-se também o aumento da disputa entre diferentes propostas de políticas econômicas: o liberalismo e o intervencionismo, e, com o fim da instabilidade, será possível observar a intensificação do debate entre defensores de cada uma das vertentes. Os intervencionistas podem alegar que diante do aumento das desigualdades o Estado deve tomar a frente e interferir na economia.
Por outro lado, os liberais, ou neoliberais, irão argumentar que, para enfrentar as consequências econômicas da pandemia, o Estado deve promover uma nova rodada de cortes nos gastos públicos para promover o reequilíbrio e a volta do crescimento do PIB do País.
2• Trabalho – Há uma tendência de intensificação do trabalho remoto para quem o pode fazer. A pesquisa “Tendências de Marketing e Tecnologia 2020: Humanidade redefinida e os novos negócios” prevê aumento de 30% de profissionais trabalhando em home office no Brasil após a pandemia. O levantamento também aponta a necessidade de revisão de processos internos por líderes para que compreendam a tecnologia como mais um ativo humano.
No entanto, nem todos conseguem adaptar suas funções à rotina de home office, como entregadores de delivery, médicos, entre outros. Então, nota-se também um possível agravamento das desigualdades em tal tendência. O desemprego em massa, a precarização e a “pejotização” também são esperados.
Ou seja, o empregador oferecerá condições menos favoráveis, que se referem tanto aos salários quanto às leis trabalhistas. Uma das formas mais prováveis da precarização seria a “pejotização”, ou seja, o aumento do número de PJs no mercado de trabalho, que podem ter seus contratos rompidos sem maiores garantias, fragilizando a estabilidade dos trabalhadores.
3• Cidades – Podemos esperar uma transformação na organização das cidades a médio e longo prazo. Se a perspectiva de novas epidemias continuar ecoando, devemos ter impactos no mercado imobiliário, com a desvalorização de apartamentos e bairros com grande densidade populacional. Também pode haver uma crise no setor de edifícios empresariais por conta do aumento do trabalho remoto.
Muitas empresas estão percebendo que o home office de muitos de seus funcionários é tão ou mais produtivo do que o serviço alocado no escritório, além de menos dispendioso. A partir dessa constatação, pode diminuir bastante a busca por imóveis deste tipo.
4• Transporte – Observamos o menor deslocamento de mercadorias e de pessoas entre diferentes países em decorrência do fechamento das economias e da tendência dos governos de promoverem processos de reindustrialização e recriação de empregos nacionalmente. Então, é possível que o comércio internacional diminua seu fluxo.
Neste sentido, também teremos possíveis crises nas empresas aéreas, de navegação, de transporte rodoviário, de logística e de petróleo. A interdependência entre as economias acaba sendo um obstáculo em um momento em que os fluxos internacionais devem ser diminuídos. Cada país se descobriu muito dependente dos outros em meio ao momento de restrição de circulação.
O turismo certamente será um dos setores mais impactados. Vai demorar para que as pessoas estejam seguras novamente para visitar outros continentes e até mesmo frequentar locais com aglomerações.
Também é importante destacar a possível crise do transporte coletivo, que terá grandes dificuldades de resolução se considerada a mentalidade receosa proveniente da pandemia.
5• Educação – Nas escolas poderá ocorrer a explosão das modalidades de ensino a distância, que até então enfrentava obstáculos para a implantação. Muitas instituições adotaram aulas virtuais durante a situação emergencial para garantir a rotina de estudos dos alunos e têm observado uma adaptação dos estudantes, o que possibilitará permanecer com algumas atividades on-line. Também haverá maior atenção quanto às habilidades que podem ser mais exploradas.
6• Meio ambiente – A qualidade ambiental tem apresentado melhora com a crise, uma vez que os níveis de poluição caíram consideravelmente. Com isso, vemos a perspectiva de que é possível e desejado diminuir certas atividades econômicas para um ambiente de maior qualidade. Agora, deve haver um aumento da defesa de cortes de diversos setores, como consumo e transporte, para combater os perigos do aquecimento global, outro problema de extensão internacional com o qual teremos que lidar nas próximas décadas.
Fonte e mais informações: (www.colegiopoliedro.com.br).