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Oratória e liderança: e se a vida tivesse “rodinhas” de segurança como as das bicicletas?

em Destaques
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
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André Queiroz (*)

Acredito que seja um consenso que um dos maiores medos enfrentados pela humanidade é o de falar em público. A timidez, aquele frio na barriga e principalmente o temor daquele famoso “branco” causando um vexame, são os maiores obstáculos enfrentados em uma apresentação. E mesmo entre aqueles que não sofrem desses males, saber articular um discurso de modo fluido, lógico e objetivo é algo que precisa ser aperfeiçoado continuamente.

Todos os dias, vemos pessoas que – a despeito das inúmeras competências e excelentes habilidades técnicas em suas áreas específicas de trabalho – experimentam grandes dificuldades quando precisam se comunicar e expressar seu conhecimento com colegas e gestores, principalmente quando há a oportunidade de se comunicar com os altos escalões da hierarquia organizacional. Por vezes, podem ficar presas a termos técnicos e, até mesmo, se tornar prolixas. Isso mostra o quanto precisamos desenvolver nossa “musculatura” comunicacional.

Mas afinal, entre tantas possibilidades de amadurecimento da comunicação, qual a se adotar? Qual é o melhor caminho a trilhar quando se quer superar os medos que impedem o desenvolvimento das habilidades de comunicação? Neste momento me vem à mente aquele ditado que diz: “A prática leva a perfeição”. Eu poderia dizer que, em se tratando de comunicação, a prática proporciona o desenvolvimento de tal “musculatura”. Sendo assim, ter a oportunidade de se praticar discursos e apresentar trabalhos, por exemplo, podem ser excelentes ocasiões para se realizar esse exercício.

O problema, é que para treinar tais apresentações, precisamos nos expor e embora a psicologia reforce a ideia da importância do enfrentamento para a superação de alguns medos, encontrar o ambiente propício que ofereça oportunidade e segurança nem sempre é uma tarefa fácil. Porém, imagine como seria relevante se você se deparasse com um ambiente assim. Um lugar acolhedor onde você tivesse a oportunidade de praticar discursos e apresentações sem precisar se preocupar com o medo do julgamento alheio.

Considere como seria maravilhoso estar num contexto onde ao invés de receber críticas você recebesse bons feedbacks, com dicas úteis voltadas unicamente a lhe tornar um comunicador melhor. Pensar num lugar assim, tão favorecedor do crescimento, é como poder pensar que a vida nos dá “rodinhas” de segurança para utilizarmos enquanto nos desenvolvemos, concorda? Que nem quando somos crianças e usamos um aparato assim para aprender a andar de bicicleta com total segurança e para alívio de nossos pais.

E a boa notícia é que este lugar, ou as tais “rodinhas” de segurança, de fato existem. Não é apenas um sonho, mas há um espaço exatamente assim para quem quer desenvolver as habilidades de comunicação e liderança. Eu conheci esse lugar há alguns anos, quando tive uma conversa com a minha gerente sobre carreira. Na ocasião, sabendo dos benefícios que eu teria ao me envolver com um clube de liderança e oratória ela me fez a pergunta inusitada: “André, o que você acha de entrar para o Clube do Toastmasters da nossa empresa?”.

Eu fiquei atônito. Trabalhando numa multinacional de renome há vários anos, eu até sabia da existência daquele clube, mas não tinha ideia de como participar dele ou ainda como que me envolver poderia trazer benefícios para minha carreira.
Apesar de falar em público não ser um problema para mim, eu era tão detalhista em alguns momentos, que acabava sendo prolixo. Por conta disso, resolvi atender a dica de minha gerente e ingressei no clube do Toastmasters de minha empresa, mas tenho que confessar que fui um tanto cético. Não demorou muito, entretanto, para que eu mudasse de ideia.

Ao participar das reuniões comecei a sentir o impacto que aquele ambiente seguro estava me proporcionando. Ali, eu pude cometer erros, relaxar e não ter medo de “queimar o meu filme”, pois todos estavam imbuídos de um sentimento de solidariedade e apoio mútuo. Além disso, a riqueza do material didático que trazia tantas orientações importantes e dicas sobre melhores práticas, também me ajudou em minha caminhada de aperfeiçoamento. Ademais os feedbacks recebidos pelos colegas sempre foram úteis e me ajudaram a ter clareza dos pontos que precisava aperfeiçoar em mim.

Aos poucos fui me dando conta do meu progresso e se isso não bastasse, recebi elogios de colegas do trabalho que me disseram como eu havia me tornado um comunicador melhor e menos prolixo. Aquele foi um dos momentos “uau” de minha jornada. Além de conseguir trabalhar aquilo que me era necessário, tive a grata surpresa de descobri que no Toastmasters podemos aprimorar não apenas nossa comunicação, mas também é possível desenvolver as habilidades e competências de liderança, desfrutando do mesmo ambiente seguro e de apoio.

Vi que o clube proporcionava diversas oportunidades de aprender, na prática, lições valiosas sobre como me tornar um líder eficaz. Foi assim que comecei a atuar na liderança do meu clube. E não demorou muito para que meu engajamento crescesse e eu me tornasse um coordenador de área. A cada novo desafio, eu ampliava o meu desenvolvimento como líder. Tive a chance de participar de treinamentos internacionais nos EUA, Canadá e Europa, proporcionados, exclusivamente, pelo Toastmasters Internacional.

Após cinco anos trabalho voluntariamente nesta instituição maravilhosa. Hoje eu tenho a enorme satisfação e honra de servir ao Toastmasters Internacional como o principal líder da instituição no Brasil, ocupando o cargo de Diretor de Distrito. Nosso distrito brasileiro conta com 833 membros que se reúnem em 33 clubes distribuídos nas 5 regiões do nosso país. Grandes empresas como Caterpillar, Shell, IBM, Citi Bank, Dell, Amazon, Petrobras, British Telecom, Ericsson, Sicredi, entre outras, abrigam clubes do Toastmasters Internacional como forma de desenvolvendo seus colaboradores.

Além desses clubes corporativos e fechados, existem também clubes comunitários e abertos onde qualquer pessoa que desejar pode participar. Há, inclusive, alguns clubes cujas reuniões são em inglês e espanhol, servindo também como apoio a prática e aprendizado de outros idiomas.

Então, o que achou? Sentiu o mesmo interesse e curiosidade que eu senti de conhecer essa instituição incrível? Você, assim como eu no passado, tem sentido necessidade de desenvolver suas habilidades de comunicação e liderança? E quer fazer isso num ambiente seguro que estimula sua criatividade? Se você respondeu “sim” para alguma destas perguntas, eu te convido a visitar uma reunião de um clube Toastmasters.

Quem sabe, assim como eu, você vai descobrir como é boa a sensação de aprender e se desenvolver naquilo que mais precisa, só que vivendo isso “com rodinhas” que vão te dar toda segurança.

(*) – É Diretor de Distrito do Toastmasters Internacional no Brasil (www.toastmastersbrasil.org).