Flávio Bastos (*)
A Cumulus Nimbus do crédito, ou seja, a crise de financiamento, já paira no mercado e a tempestade perfeita se forma, trazendo consigo efeitos alarmantes que temporais dessa natureza causam, a destruição de negócios. Se há alguma dúvida de que no país há uma escalada de crise de crédito, basta perguntar a 10 empreendedores de qualquer porte de empresa seja grande, médio ou pequeno, no Brasil, que todos responderão de forma uníssona que a falta de crédito é um dos principais entraves para o crescimento das empresas. Claro, que a inflação e dólar alto são bons companheiros para o caos e entram na lista.
Todos eles sabem que o pior não é a falta de crédito em si, mas o efeito deletério que a carência de fomento de crédito provoca na economia, trazendo uma devastação em diversos setores e em áreas fundamentais à vida do cidadão, como o emprego. Sem crédito, empresas cortam custos e demitem. Outro aspecto é o investimento, um pilar relevante de qualquer negócio para viabilizar novos projetos de expansão e novas contratações. Além disso, indústrias perdem competividade frente ao mercado internacional e outro setor que já sofre com essa escassez é o imobiliário. Todos esses fatores estão inter-relacionados e são elos de uma mesma corrente.
Muitos motivos nos levaram a este cenário. A situação do crédito brasileiro acabou se deteriorando devido às altas taxas de juros chegando hoje a 13,75%, um índice que posiciona o Brasil no ranking dos países com os juros mais altos do mundo, perdendo apenas para a Argentina. Juros elevados que levam ao aumento do índice do endividamento corporativo. Para se proteger dos riscos de inadimplência das empresas, os bancos tradicionais têm freado a oferta de crédito, optando por critérios de concessão de crédito muito mais rigorosos e seletivos, a custos mais elevados. Com isso, o indicador de financiamentos corporativos iniciou o ano com recuo de -5,6% registrado em janeiro, segundo dados do Banco Central.
Para agravar a situação e espalhar de vez as sombras de uma crise de crédito, o mercado brasileiro foi fortemente impactado pelo rombo de R$ 40 bilhões da Americanas. Num momento em que o crédito já vinha perdendo força devido a pressão inflacionária, essa fraude nas demonstrações financeiras da Americanas tornou as condições gerais de financiamento ainda piores. Com o temor de um possível “efeito-dominó” em outras gigantes da economia, as instituições financeiras fecharam de vez a torneira do crédito, tornando os processos de concessão de crédito ainda mais restritivos para as empresas.
O que esta crise ensina é a necessidade de empresas buscarem novas fontes de obtenção de crédito. Uma dessas modalidades que despontam no mercado é a consolidação da profissão de Money Broker (Corretor de Dinheiro). Responsável por conectar grandes e médias empresas aos operadores de crédito. Eles atuam na intermediação de operações milionárias, facilitando a captação de recursos de forma mais assertiva e ágil e auxiliando muitas companhias a gerar novo fôlego aos negócios.
Um dos diferenciais desse profissional é a democratização do acesso ao crédito. Quando uma grande empresa decide fazer uma solicitação de crédito diretamente no mercado, ela fica restrita a pouquíssimas possibilidades, recorrendo a dois ou três bancos ou correspondentes bancários. Se essa análise for negada, ou se a proposta não se ajustar à necessidade da companhia, ela não tem mais a quem recorrer. Porém com o Money Broker, o leque de opções se amplia. Ele dispõe de um amplo e variado portfólio de operadores de crédito que oferecem condições específicas para diferentes setores da economia. Por exemplo, uma empresa rural terá mais facilidade de conseguir um empréstimo em um banco que se dedica exclusivamente a esse público. Dessa forma, o Money Broker busca as instituições financeiras que melhor se identificam com o perfil de cada empresa e suas demandas e especificidades de crédito, até fechar a proposta de crédito que melhor se adeque a realidade de cada negócio.
Outra grande vantagem do Money Broker, sobretudo, no atual momento de endividamento das empresas é que ele também atua de forma assertiva para ajudar as companhias na renegociação e quitação das dívidas. Avaliando minuciosamente a situação financeira da companhia para negociar os termos mais favoráveis ao negócio, com serviço de consultoria jurídica para avaliação das cláusulas contratuais, e se necessário, trabalhando nos critérios de elegibilidade para a aprovação da empresa em futuros pedidos de concessão de crédito.
Sem uma oferta sólida e segura de crédito, as empresas abortam seu crescimento, a implementação de soluções tecnológicas e a geração de novos empregos fica travada. É preciso reverter esse cenário e pensar em novos métodos e soluções para que as empresas consigam acesso ao crédito de forma facilitada, menos burocrática e com taxas menos leoninas para manter seus negócios e a economia brasileira nos trilhos do crescimento.
É inevitável, o caminho para a retomada do crescimento econômico nacional passa pela democratização do crédito no Brasil. As políticas públicas que favoreceram o aumento do crédito precisam ser estimuladas e os juros precisam diminuir. Até lá, novas soluções e oportunidades de negócios precisam ganhar força para impulsionar a economia brasileira, abrir novos horizontes de negócios e aquecer a economia do país. Afinal de contas, o crédito é essencial para famílias, empresas, organizações e nações.
(*) É Sócio da Valor Operações Financeiras e especialista Money Broker.