Miriam Rodrigues (*)
Constitui um aspecto importante pensarmos na quantidade de currículos que um recrutador recebe. Seja de maneira digital, seja física (sim, ainda existe!), os profissionais que atuam na área de Recrutamento e Seleção, Seleção de Talentos ou outros nomes semelhantes, recebem, de maneira espontânea ou como respostas a vagas divulgadas, dezenas ou até centenas de currículos diariamente.
O primeiro passo para se iniciar uma análise curricular é o que chamamos de triagem, que significa verificar se o currículo recebido possui alinhamento com a vaga para a qual o recrutador está trabalhando. Desta forma, num primeiro momento, são separados os CVs (abreviatura que usamos para os currículos) que seguirão no processo, daqueles que serão descartados ou direcionados para um banco de dados para consultas futuras.
A tecnologia disponível tem possibilitado aos recrutadores que esta fase do processo seletivo já possa ser realizada com a utilização de inteligência artificial (IA). Da mesma forma, a tecnologia também se faz presente, em algumas empresas, nas fases posteriores dos processos seletivos, no uso de testes de diversas naturezas (psicológicos, raciocínio, conhecimentos gerais, dentre outros).
Mas, voltemos à questão da triagem, por sua importância! Afinal, se nesta primeiríssima fase o CV não for adiante, os testes, entrevistas e tudo o que contemplar o processo seletivo em si não ocorrerá.
O volume de CVs que um recrutador recebe é normalmente grande, o que destaca a necessidade de que os referidos CVs apresentem informações importantes com clareza e objetividade para facilitar e agilizar o trabalho do recrutador, que normalmente trabalha com várias vagas ao mesmo tempo.
O mesmo raciocínio se aplica quando ocorrer a utilização de IA, que não “perdoará” — literalmente — a ausência de qualquer informação importante. Assim sendo, de quais informações exatamente estamos falando? – Vamos lá! Começando sempre pelo básico, pelo essencial:
- – Nome completo e formas de contato, minimamente telefone (com DDD) e e-mail. Para algumas empresas, saber o bairro/cidade também é importante, por isso, não deixe de apresentar estas informações;
- – Objetivo, ou nome da vaga para a qual está se apresentando: deve-se evitar ao máximo colocar mais de 1 vaga, cargo ou área. Além de demonstrar falta de foco, o candidato poderá ser descartado por não utilizar a expressão adequada ou não tê-la apresentado.
Deve-se “personalizar” o CV para a vaga de interesse do candidato, em outras palavras: evitar enviar o mesmo CV com vários nomes de vagas e cargos para diferentes empresas. Estes é um dos casos que não será “perdoado”, quando for utilizada a IA, caso a expressão correta (nome da vaga e/ou da área) não for utilizada;
- – Competências/Realizações profissionais: domina um ou vários softwares, quais são? Conhece alguma metodologia de gestão de projetos e/ou trabalho, quais são? Idiomas? Resultados obtidos na trajetória profissional? Aqui, a clara e objetiva descrição destes elementos auxiliará o trabalho do selecionador ou IA que estiver verificando seu CV;
- – Formação: apresente objetivamente o que estudou, onde e quando. Como dissemos anteriormente, estes são os elementos básicos e cruciais no processo de triagem. Além disso, existem alguns outros elementos, também muito importantes que devem ser sempre observados: currículo enxuto (não mais que 2 páginas) e muita atenção à gramática e ortografia!
No mais, convém lembrar que seu CV chega antes de você e que se ele não agradar, você poderá não ter a oportunidade de se apresentar pessoalmente e falar sobre o quão bom você é e sobre o quanto é importante para você o cargo que você está pleiteando. Por isso, seu CV realmente precisa ser nota 10! Neste caso, um 9 ou 9,5 poderá não ser suficiente. Sucesso em sua jornada e foco no CV 10.
(*) – É Superintendente do Centro de EAD da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora de disciplinas relacionadas à Gestão de Pessoas, Carreiras e Comportamento Organizacional.