Jordano Rischter (*)
É completamente normal estarmos abertos a novas oportunidades profissionais, principalmente, se forem vagas que nos permitam crescer em nossas carreiras e conquistar benefícios diversos para nossas vidas. Para os C-Levels, a premissa não poderia ser diferente, uma vez que se fechar a tais opções pode custar muito caro para seu futuro.
Contudo, para as empresas, perder um executivo de alto escalão na companhia pode ser muito danoso, sendo assim, é importante ter ciência do que pode estar motivando possíveis turnovers na estrutura aplicando um diagnóstico profundo na empresa de forma que traga insights valiosos em prol de uma melhor gestão destes talentos e sua retenção.
Diante de um mercado altamente volátil, estar receptivo e avaliar tais propostas é, inclusive, algo saudável para o protagonismo da carreira dos executivos, uma vez que possibilita aumentar o networking, avaliar o seu próprio nível de empregabilidade e, claro, contribuir para a conquista de um emprego que o alavanque ainda mais em sua área e que permita um crescimento contínuo de aprendizado.
Todos os profissionais, na verdade, deveriam estar abertos a este olhar, considerando o fato de que, caso não aceitem a vaga em questão, isso também reforçará questões positivas sobre a empresa atual que o fizeram recusar a oferta.
Isso porque, em toda oportunidade profissional, existem alguns aspectos importantes que são levados em consideração antes de aceitá-la, incluindo o contexto do projeto em si, sua compatibilidade com a cultura organizacional, capacidade ou não de entregar o que é esperado, quanto poderá ser reconhecido em seu exercício, a remuneração em si e, ainda, de que forma poderá agregar suas experiências anteriores à vaga.
Caso o executivo não veja sentido nessa nova oportunidade, isso pode reforçar seu grau de comprometimento com a contratante atual, além de demonstrar que suas responsabilidades ainda estão mais aderentes a sua realidade e metas.
Já para as empresas, um turnover elevado de executivos em função de uma procura ativa por novos projetos do seu quadro executivo é reflexo de uma procura muito ativa dos executivos de novos projetos, por questões como falta de perspectiva de crescimento, remuneração incompatível com a responsabilidade da função e/ou abaixo da média de mercado, baixa valorização, entre outras.
É claro que existem, inevitavelmente, fatores externos que possam impactar nessa abertura de vagas. A própria pandemia foi um forte influenciador neste aspecto, a qual evidenciou um maior desejo pela conciliação entre a vida profissional e pessoal. Em dados divulgados pela pesquisa “Futuro do Trabalho 2024: onde estamos e para onde vamos”, como prova disso, apenas 10% dos profissionais ambicionam assumir cargos de gestão, considerados como posições que limitam, justamente, esse equilíbrio.
Este dado corrobora o cenário delicado de ser entendido, onde por mais que essa abertura ao mercado seja algo natural e saudável de ser mantida por todos os profissionais, assim como os executivos, por parte das empresas, é importante se atentar a esse interesse para avaliar o que pode estar sendo feito errado internamente, de forma que possa ser ajustado em prol de uma maior retenção dos times como um todo.
A atenção se inicia no processo seletivo, onde o RH precisa focar em recrutar um executivo ou talento que não apenas preenche os requisitos técnicos da vaga, como também que esteja alinhado aos princípios e cultura da empresa. Esse é o momento de compreender as aspirações dos candidatos e suas expectativas, contratando aquele que tiver o maior fit cultural nesse sentido.
Essa proximidade, contudo, não deve finalizar no momento da assinatura do contrato, mas sim permanecer como uma rotina deste departamento. É preciso manter uma escuta ativa com os executivos a todo o momento, aplicando pesquisas de satisfação que identifiquem se estão felizes em suas funções ou se há algum ponto que está causando desconforto ou qualquer outro ponto negativo.
Questione o que valorizam e o que estão sentindo falta, para que consigam corrigir o que for possível e, com isso, elevem essa satisfação do profissional no ambiente de trabalho.
Nenhuma empresa deseja perder um bom executivo e acabar se prejudicando em termos de operações estratégicas. No entanto, também não há como impedir que esses talentos se abram para oportunidades melhores.
É uma linha tênue entre esses pontos que ressalta a importância de as empresas sempre prezarem pela felicidade de suas equipes, avaliando os pontos precisos e assegurando um ambiente justo e satisfatório para todos. Cada tampa tem sua panela e, eventualmente, encontraremos as nossas.
(*) – É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção (https://wide.works/).