José Duarte (*)
Caso você soubesse, há um mês, que o mundo enfrentaria uma pandemia, o que teria feito diferente no seu negócio? A atual situação do mundo não era algo esperado. Escritórios fechados, pessoas em quarentena em questão de dias. E quando olhamos para os negócios, voltamos à pergunta que inicia este texto. A maior parte das empresas, ao terem que se adaptar prontamente às restrições impostas pelas autoridades, não estavam preparadas para agir.
E é por este motivo que reforço a necessidade de um plano de continuidade de negócios. É verdade que a maioria das companhias já têm um plano no papel, alguns até mesmo, arrisco dizer, já aprovados. Outras ainda encontram uma série de “obstáculos” no processo – contratação de especialistas, consultores, aprovação de stakeholders e executivos… – e temem as dificuldades da etapa prática – os processos, os colaboradores e os equipamentos necessários.
Para uma mudança de cenário, é preciso, em primeiro lugar, compreender que a tecnologia não é mais barreira para nada.
Digo isso porque acredito que a tecnologia, inclusive, é uma força para o bem. E, em um cenário tão incerto, quem realizou o investimento mais assertivo – e a tempo! – nos recursos certos, dificilmente está sentindo os impactos do COVID-19.
Indo além da questão da tecnologia, quando se pensa em mobilidade, em colaboradores trabalhando remotamente, com os equipamentos necessários e acesso às informações da empresa com segurança, ainda há muita resistência – principalmente dos departamentos de Recursos Humanos – sobre performance e comprometimento.
Mas os números, felizmente, já nos dizem que o cenário é bem mais positivo do que se pensa. Uma pesquisa do International Workplace Group (IWC) realizada no último ano atestou que, dentre seus entrevistados, 83% escolheriam um emprego com algum tipo de flexibilidade e outros 80% identificaram aumento de produtividade com o home-office. Portanto, além de assegurar a continuidade dos negócios, a empresa que adota o trabalho remoto em sua cultura também garante benefícios à sua comunidade.
Em relação a parte técnica, a migração para a nuvem e o end user computing são essenciais quando pensamos no acesso a qualquer aplicação, de qualquer dispositivo e de qualquer lugar. Outros dois desafios que destaco são o de disaster recovery e o site backup, que estarão no plano de continuidade de negócios das empresas impreterivelmente. Implementar ambos e planejar sua arquitetura demandam tempo, o que um plano emergencial acaba por transformar semanas em apenas alguns dias.
A demanda por um planejamento é evidente ao olharmos ao nosso redor: a realidade das empresas nas quais trabalhamos, dos negócios que acompanhamos no cotidiano, das instituições que confiamos e acessamos. Nenhum mercado está imune à necessidade de um plano de continuidade de negócios, e infelizmente o despreparo, neste momento, parece atingir companhias de todos os tamanhos – desde o comércio que parece ainda não parar até as universidades que ainda estão tentando entender como manter o ensino à distância.
De uma maneira ou de outra, o cenário atual irá mudar a maneira como as companhias se planejam no curto prazo. E este é o momento de rever fragilidades, tirar planos do papel e, principalmente, atuar de forma a garantir o compliance, a segurança e a motivação e retenção dos colaboradores – e até mesmo os clientes.
(*) – É presidente da VMware Brasil (www.vmware.com.br).