Cris Sabbag (*)
O Censo 2022 causou impacto ao revelar dados sobre o envelhecimento populacional. Nossa população encolheu 6,45%, ou seja, quase 5 milhões abaixo da estimativa do IBGE, que atribui o fato aos níveis reduzidos de nascimento, migração para fora do país e queda da taxa de mortalidade. Estamos seguindo para um país com cidadãos com maior idade cronológica que jovens. O desequilíbrio entre as faixas etárias chamamos de envelhecimento populacional. Esse fenômeno atinge a maioria dos países do mundo e como qualquer desequilíbrio, chama atenção de governos e sociedade. Uma das principais implicações desse envelhecimento populacional é a mudança na estrutura da pirâmide etária. A transformação tem impactos significativos na sociedade.
No âmbito da economia, a diminuição da população em idade ativa pode afetar a força de trabalho e a produtividade da empresa e do país. Além disso, a demanda por serviços de saúde, cuidados de longo prazo e aposentadoria aumentará, gerando desafios para o sistema previdenciário e de saúde. Na questão social, com menos pessoas em idade ativa há a diminuição na oferta de força de trabalho, o que pode afetar a produtividade e o crescimento econômico. Os três principais motivos são: o preconceito etário, que coloca pessoas com 50 anos ou mais fora do mercado de trabalho; o aumento das taxas de aposentadoria compulsória; e a diminuição da capacidade de trabalho.
Essa redução da força de trabalho pode levar a uma escassez de habilidades em determinados setores da economia, especialmente em áreas que demandam conhecimentos técnicos e especializados. É preciso pensar estrategicamente na capacitação desses profissionais em novas tecnologias, processos e em soluções para a questão que pode envolver até mais do que o aumento da idade de aposentadoria, o estímulo à previdência complementar e a promoção de políticas que incentivem a permanência desses profissionais no mercado de trabalho.
Apesar dos desafios, o envelhecimento populacional traz oportunidades para o desenvolvimento de setores específicos da economia brasileira. Há uma demanda crescente por produtos e serviços voltados para esse segmento. Setores como saúde, cuidados de longo prazo, turismo voltado para a terceira idade, tecnologia assistiva e produtos de bem-estar podem se beneficiar. Empresas que se adaptarem e oferecerem soluções inovadoras para atender às necessidades desse público podem encontrar novos nichos de mercado e impulsionar o crescimento econômico.
O tema também cria oportunidades para os setores de inovação. As empresas podem e devem usufruir do envelhecimento populacional em suas equipes de inovação. A diversidade geracional é crucial para impulsionar a criatividade, o pensamento inovador e o sucesso dos projetos, trazendo para empresa benefícios como: experiência e conhecimento, pensamento estratégico, resolução de problemas complexos, colaboração intergeracional e empatia com o público-alvo.
Em suas equipes de inovação, as empresas devem adotar uma abordagem inclusiva e valorizar a diversidade geracional., implementando programas de mentorias reversas que incentivam a troca de conhecimentos entre gerações, promovendo a cultura de valorização da experiência e estimular a participação ativa de profissionais maduros em projetos de inovação. Assim, será possível criar uma sociedade mais inclusiva, produtiva e sustentável para todas as gerações. No entanto, ainda é preciso superar a discriminação etária, a falta de oportunidades de emprego e a ausência de políticas públicas efetivas para esse público. O envelhecimento não deve ser um problema e sim uma oportunidade para construir uma sociedade mais inclusiva e resiliente.
(*) É CDO da Talento Sênior.