Ricardo Baehr (*)
O anúncio do Banco Central (BC) sobre o lançamento do Drex, a primeira moeda digital oficial do país, representa um marco histórico na evolução do sistema financeiro brasileiro. Além de ser um avanço significativo na digitalização financeira, o Drex também traz consigo a promessa de uma plataforma robusta para operações financeiras avançadas.
No entanto, é importante destacar que o potencial do Drex vai além de ser apenas uma moeda digital. A sua integração com a tecnologia blockchain e a possibilidade de utilização de contratos inteligentes podem causar transformações no cenário B2B, semelhantes ao impacto gerado pelo advento da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).
A NF-e, implementada no Brasil em 2006, revolucionou o processo de emissão e armazenamento de notas fiscais, substituindo as tradicionais notas fiscais em papel por documentos eletrônicos. Essa mudança trouxe inúmeros benefícios, como a redução de custos, a simplificação de processos e a maior segurança e transparência nas transações comerciais.
Além disso, a NF-e permitiu a automatização de diversas etapas do processo de compra e venda, facilitando a integração entre sistemas de gestão e agilizando a troca de informações entre empresas. Assim como a NF-e, o Drex tem o potencial de causar um impacto transformador no ambiente de negócios, especialmente no que diz respeito às transações financeiras entre empresas.
A capacidade do Drex de utilizar contratos inteligentes, que são soluções tecnológicas que executam automaticamente os termos de um acordo, pode trazer uma nova camada de automação e segurança para as transações comerciais. Um cenário possível, porém ainda especulado (a depender dos avanços do Drex), é a utilização de contratos inteligentes para condicionar a liberação de um pagamento à emissão de uma NF-e ou às ocorrências de transporte atreladas a uma NF-e.
Isso significa que, ao realizar uma transação comercial, as empresas poderiam estabelecer condições específicas no contrato inteligente, como a entrega de determinados produtos ou a confirmação de que a mercadoria foi recebida em conformidade com o pedido. Somente após o cumprimento dessas condições, o pagamento seria automaticamente liberado, eliminando a necessidade de intervenção humana e reduzindo o risco de fraudes ou disputas.
Essa integração entre o Drex, a tecnologia blockchain e a NF-e também poderia ser aplicada em outros cenários do ambiente B2B. Por exemplo, em contratos de fornecimento de serviços, poderia ser estabelecido que o pagamento seja realizado automaticamente após a emissão de uma NF-e de serviço ou a confirmação de que o serviço foi concluído com sucesso.
Além disso, a utilização de contratos inteligentes poderia facilitar a gestão de prazos de pagamento, permitindo que as empresas estabeleçam condições específicas para a liberação de parcelas ou a aplicação de multas em caso de atraso. É importante ressaltar que a implementação dessas soluções depende não apenas do desenvolvimento do Drex, mas também da adoção e adaptação das empresas e dos órgãos reguladores.
A integração entre o Drex, a tecnologia blockchain e a NF-e exigiria a criação de padrões e protocolos de comunicação entre as diferentes plataformas, bem como a definição de regras claras para a utilização de contratos inteligentes em transações comerciais. No entanto, mesmo que essas soluções ainda estejam no horizonte, é fundamental que as empresas comecem a se preparar para a transformação que o Drex e a tecnologia blockchain podem trazer ao ambiente B2B.
A compreensão das possibilidades e a capacidade de conectar essas tecnologias ao propósito dos negócios serão fundamentais para que as empresas se destaquem e liderem seus mercados nessa nova era financeira. O lançamento do Drex representa um marco na evolução do sistema financeiro brasileiro, trazendo consigo a promessa de uma plataforma robusta para operações financeiras avançadas.
No entanto, é importante reconhecer que o potencial do Drex vai além de ser apenas uma moeda digital, e a sua integração com a tecnologia blockchain e a possibilidade de utilização de contratos inteligentes podem causar transformações no cenário B2B, semelhantes ao impacto gerado pelo advento da NF-e.
À medida que o BC avança no desenvolvimento do Drex, é fundamental que as empresas estejam atentas às oportunidades e desafios que essa inovação trará, preparando-se para aproveitar ao máximo o potencial transformador dessa nova era financeira.
(*) – É CEO da Simplifica+ (https://simplificamais.com.br).