Marcelo Simões (*)
A presença da tecnologia no ambiente corporativo deixou de ser novidade. Felizmente, o Brasil, acompanhando um fenômeno de escala global, caminha para a consolidação do fator digital como uma nova forma de se conduzir processos e gerir profissionais, além de outras iniciativas impostas a nível estratégico.
Segundo um estudo desenvolvido pela IBM, 41% das empresas brasileiras já implementaram ferramentas de Inteligência Artificial (IA) em seus negócios. O cenário é de franca digitalização, isso é fato. Entretanto, por mais que haja boa recepção entre organizações de diversos portes e segmentos, ainda é necessário discutir como e onde a tecnologia pode ajudar.
E quando o contexto se volta para a área tributária, todo imediatismo é bem-vindo. O que não significa, certamente, que essa transição precise ser forçada. É de conhecimento generalizado que o regime tributário do país apresenta um nível elevado de complexidade.
Alterações surgem frequentemente, desafiando o background técnico de companhias as quais, em muitos casos, não possuem nenhuma intimidade com o universo fiscal.
Sem a expertise desejada, as opções são reduzidas a métodos de pouca confiabilidade. Quais são as consequências?
. – Um espaço de baixa previsibilidade e alto risco fiscal – Com toda a estrutura tributária apoiada por sistemas manuais, que exigem a interferência direta de colaboradores, a tendência é de que se crie uma rotina de atividades morosas e pouca agilidade processual.
Ao delegar etapas repetitivas e até exaustivas para pessoas capacitadas, o gestor não só desestimula profissionais que poderiam atuar de modo fundamentalmente estratégico, como aumenta a margem para erros crassos, capazes, inclusive, de comprometer a integridade fiscal da empresa.
O planejamento, por sua vez, é prejudicado desde suas raízes. Afinal, qualquer concepção teórica, apesar de promissora, esbarrará na realidade operacional do departamento, carente de plataformas elaboradas para viabilizar ações transformadoras.
No espectro legal, dificulta-se a execução dos cálculos tributários, bem como o próprio acompanhamento de atualizações e mudanças legislativas, o que coloca o negócio na iminência de pagamentos indevidos e o não cumprimento de obrigações fiscais. Esses são alguns reflexos de um setor tributário indiferente à inovação, representando o cotidiano de uma parcela considerável do meio empresarial.
. – Tecnologia organiza a casa e libera profissionais – No que diz respeito ao aspecto administrativo, a digitalização é um caminho sem volta, pois otimiza e simplifica processos rotineiros, aumenta a produtividade e permite uma melhor relação das equipes com os dados armazenados e movimentados.
Por decorrência, possibilita que a cadeia envolta à gestão tributária fique a cargo da máquina, reduzindo, de modo exponencial, a ocorrência de falhas prejudiciais. E mais: assegura uma atuação analítica aos profissionais envolvidos, liberando-os de tarefas desagregadoras.
Com a utilização de soluções tecnológicas, a organização deixa claro que sua prioridade está em uma harmonia fiscal irretocável, sem brechas para surpresas evitáveis. Os aprimoramentos atingem a base, como citado anteriormente, mas culminam em uma visão holística sobre oportunidades e benefícios fiscais.
Se, mesmo assim, focos de resistência perdurarem entre lideranças responsáveis, é sempre importante reforçar que as contribuições oferecidas pela tecnologia farão maior número, configurando um cenário de empresas suficientemente maduras e preparadas para superar seus desafios tributários.
(*) – Graduado em Economia pela UEL, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é Diretor de Operações e Cofundador da Comtax, empresa especializada na área fiscal (https://comtax.com.br/).