A Lava Jato não será esvaziada com mais uma mudança no comando da Polícia Federal, avaliam especialistas.
Juristas, constitucionalistas e penalistas consideram que a maior operação de combate ao crime organizado e à corrupção no País está a salvo de ingerências políticas. “A mudança não deve interferir na Lava Jato, que se consolidou, já dura vários anos”, disse o advogado Alexandre de Oliveira Ribeiro Filho, do Vilardi Advogados.
A professora de Direito Penal do IDP-São Paulo, Fernanda de Almeida Carneiro, lembra que, desde que foi deflagrada em março de 2014, a Lava Jato “já passou por troca no comando da PF, substituição do procurador-geral da República, mudança na composição do STF e até pelo impeachment presidencial. “Nada abalou as estruturas da Lava Jato ou ameaçou sua progressão”, argumenta.
Para Adib Abdouni, constitucionalista e criminalista, a queda de Segovia corrige “grave equívoco que maculava sua desastrosa escolha”. Abdouni observou que o ex-diretor “guardava fortes laços políticos junto a membros do MDB”. Ele acredita que o vínculo político do ex-diretor “lançava dúvidas sobre a credibilidade da atuação técnica da instituição, especialmente acerca da Operação Lava Jato”.
Para o criminalista João Paulo Martinelli, professor do IDP-São Paulo em Direito Penal, “as mudanças constantes no comando da Polícia Federal podem provocar algum atraso nas investigações, porque as equipes também mudam”. “Mas o rumo da Lava Jato continua o mesmo, pois a força-tarefa do Ministério Público Federal continua a mesma”, avalia. Para Vera Chemim, advogada constitucionalista, o novo diretor-geral da PF “tem, acima de tudo, um perfil técnico por excelência, além de ter sido um dos escolhidos pela maioria dos membros da Polícia Federal, quando da elaboração da lista tríplice” (AE).