O juiz federal Sergio Moro defendeu ontem (15) que os parlamentares têm um papel importante para evitar que as ações de combate à corrupção retrocedam.
Ele destacou que não basta a ação da Justiça criminal para acabar com a corrupção sistêmica e que toda a sociedade tem de estar engajada. As declarações foram dadas ao discursar no encontro Mitos&Fatos, promovido pela rádio Jovem Pan, em São Paulo.
“Para o avanço de medidas anticorrupção é necessário ter vontade política que vem, em parte dos agentes políticos e em parte da sociedade civil, que vota e também reclama”, disse o magistrado, que chegou a ser aplaudido de pé pela plateia, por seus trabalhos na condução da Operação Jato, que investiga desvios de recursos da Petrobras. Ele advertiu, no entanto, que o movimento social deve ser suprapartidário para que alcance o seu objetivo.
Moro fez um balanço positivo da Lava Jato ao lembrar a condenação de quatro diretores de alto escalão da Petrobras, dez representantes da classe política e a recuperação aos cofres públicos de pelo menos US$ 98 milhões, até agora. Na sua opinião, o STF deu um passo relevante contra a impunidade ao aprovar medida que permite a aplicação de pena após condenação em segunda instância e que, apesar de discussões em torno da presunção de inocência, os autores de crimes devem ser responsabilizados, desde que existam provas.
Ele disse ser favorável ao financiamento público de campanha que, se for bem elaborado, poderia, em sua opinião, evitar o beneficiamento de políticos que estão no poder: “Há uma tendência de quem está dentro querer ficar e não deixar entrar quem está de fora”. Moro criticou a reforma política em andamento no Congresso, ao dizer que a proposta “não é uma reforma política de verdade” (ABr).