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Modelo de gestão descentralizada para reter talentos

em Destaques
quarta-feira, 11 de maio de 2022

A pandemia fez muitos trabalhadores repensarem o conceito do ambiente de trabalho ideal, não apenas pela questão do crescimento do home office, mas também por pontos como a pressão e a insegurança no dia a dia profissional. Até por esses motivos, mensalmente meio milhão de brasileiros pediram demissão de forma voluntária entre o início de 2020 e o final do ano passado, segundo estudo encomendado pela Você S/A ao estúdio de inteligência de dados Lagom Data.
Este índice é o dobro do registrado nos anos anteriores à pandemia.

Para chegar à conclusão, a Lagom analisou quase 188 milhões de registros de movimentações trabalhistas do Caged, de 2016 até novembro de 2021. Pensando em ir na contramão da dinâmica do mercado e reter os talentos, a Invenis – legaltech cujas ferramentas ajudam escritórios de advocacia e departamentos jurídicos a tomarem decisões estratégicas com mais agilidade e precisão – adotou um modelo de gestão descentralizada que desconstrói a hierarquia e traz maior autonomia na tomada de decisão por parte dos colaboradores.

De acordo com o cofundador da startup, Matheus Bombig, o que motivou a implementação desse método, que hoje é um dos pilares de uma organização Teal, foi uma reunião entre todos os sócios sobre os novos papéis, responsabilidades e o salário de uma pessoa da equipe que estava sendo promovida. “Essa discussão durou muito tempo.

Daquele dia em diante passei a deixar as pessoas do time com mais autonomia e as estimulei para que dependessem menos dos sócios na tomada de decisões. No fim de 2020, li o livro ‘Reinventing Organizations’, do Frederic Laloux, e tivemos o impulso final para oficializar uma cultura baseada em gestão descentralizada”, relata, ao afirmar que, a partir de então, ninguém mais era chefe, muito menos subordinado de ninguém.

“A pirâmide hierárquica foi desconstruída. Tiramos as pessoas de caixinhas com cargos e passamos a estimular que cada um assumisse os papéis que julgassem mais competentes. Ou seja, todos puderam identificar novos papéis e assumí-los, usufruindo de liberdade para tomada de decisões”, explica.

“A contrapartida para isso é a transparência. Todas as decisões precisam ser divulgadas publicamente. Assim, criamos um senso de comunidade e passa a ser o interesse de todos que suas decisões reflitam em prol da empresa e não apenas para impressionar os C-levels. Isso ajudou a desenvolver senso crítico durante os processos e abriu espaço para a equipe errar e criar”, complementa.

A implementação do método foi fundamental para agilizar algumas atividades que, dentro de uma organização hierárquica tradicional, poderiam se alongar desnecessariamente, como a contratação de novos funcionários e adoção de ferramentas de trabalho. Hoje, quase todas as empresas possuem como único objetivo o lucro, independente do propósito, ambiente e liberdade da equipe.

Essa finalidade gera processos burocráticos e ineficientes no dia a dia. Por exemplo, não há sentido algum um colaborador preparar por semanas materiais para serem levados ao CEO, em reuniões que geralmente duram poucos minutos. O cerne de uma organização Teal está na liberdade da tomada de decisões por todos os colaboradores, sem a necessidade de organogramas, hierarquias, microgerenciamento ou incentivos individuais.

Pouco difundido no país, o modelo Teal ainda é desconhecido pela maioria dos empreendedores brasileiros. “No entanto, aqueles que já tiveram algum contato com o sistema têm manifestado curiosidade”, comenta Bombig. A maioria dos livros de gestão ainda prega um modelo baseado em pirâmide hierárquica com centralização de autoridade. Contudo, a própria hierarquia se torna um gargalo diante da necessidade de agilidade na tomada de decisões que o mundo complexo e conectado de hoje exige.

“O Brasil herdou um corporativismo muito forte, mas temos visto o interesse de alguns grupos em mudar a sua estrutura de tomada de decisões para, consequentemente, inovarem em seus segmentos. Hoje, com o modelo Teal, já é possível mensurar um impacto positivo nas experiências dos clientes, justamente por não haver burocracia nas tomadas de decisões.

Ou seja, é possível atender às necessidades deles e fazer negociações mais velozes, que façam sentido para ambos os lados”, finaliza o cofundador da Invenis. – Fonte e outras informações: (https://invenis.com.br/).