Sthefany Bernal (*)
É fato: toda empresa quer estar à frente no mercado e ser uma marca de referência. Isso, por sua vez, exige muito esforço e atenção às mudanças que ocorrem no mundo. Para se manter atualizado, é preciso acompanhar a evolução do marketing.
De acordo com o Gartner, as inovações desse mercado avançam num ritmo 2,4 vezes maior do que outras áreas de negócios e 80% das empresas que não acompanharem as tendências do setor correm o risco de ficar para trás. As transformações do marketing, ao longo dos anos, podem ser divididas em cinco estágios:
No Marketing 1.0 a empresa se concentrava exclusivamente no produto, tentando transmitir a mensagem: “nosso produto é o melhor”. Não existia sequer a tentativa de diferenciação de marca e segmento de público, e como os concorrentes eram poucos, bastava mostrar os atributos dos produtos e comunicar de forma massiva.
A partir do Marketing 2.0 as empresas começam a olhar para os consumidores, percebendo que não é mais suficiente se concentrar apenas no produto, uma vez que as pessoas são diversas e não podem ser abordadas da mesma forma. O foco passa a ser as necessidades e preferências dos clientes, com a definição de públicos-alvo.
A concorrência também cresce, fazendo com que as pessoas se tornem cada vez mais exigentes, e os canais de comunicação ficam mais direcionados: surgem as revistas especializadas, os canais de TV a cabo e os programas voltados aos públicos específicos.
Mas logo nasce a internet e com ela o Marketing 3.0, focado no ser humano.
Se no Marketing 2.0 a principal preocupação era o segmento, no 3.0 o alvo é o indivíduo. Com a criação de sites, blogs e redes sociais as pessoas ganham voz e não são mais uma grande massa, mas sim seres humanos com desejos, sonhos e dificuldades próprias. Estudo da McKinsey revela que as empresas que personalizam suas estratégias de marketing têm 20% mais chances de aumentar a satisfação do cliente.
Foi dessa forma, tentando compreender cada vez mais a cultura das marcas e suas crenças que o marketing digital cresceu. Outro estudo, da Salesforce, mostra que as empresas que investem em marketing digital têm a possibilidade de vendas aumentadas em 30%.
E logo chegamos no Marketing 4.0 que colocou foco significativo na inteligência artificial, big data, realidade virtual e outras tecnologias, sugerindo uma mudança completa para a economia digital. Importante notar que nenhum desses estágios foi abandonado, pois muitas empresas ainda operam com base no Marketing 1.0 ou no 2.0. As que conseguem evoluir e incorporar essas diferentes abordagens estão à frente no mercado.
A era digital e a tecnologia como centro das estratégias do negócio deram início ao Marketing 5.0. O conceito, desenvolvido por Philip Kotler, uma das maiores autoridades no assunto, é inspirado na ideia de Sociedade 5.0, criada em 2016 pelo governo japonês e marcada por tecnologias de inteligência artificial e pela hiper conectividade.
O Marketing 5.0 representa uma fusão do Marketing 3.0 com o 4.0 ao enfatizar a importância da humanidade e da tecnologia com a premissa de que a tecnologia esteja a serviço da humanidade, para atender suas expectativas e necessidades, promovendo bem-estar e mais qualidade de vida.
As Cidades Inteligentes (Smart Cities) são um bom exemplo dessa inovação tecnológica que revoluciona as perspectivas sobre o espaço urbano, aprimorando a mobilidade urbana e a segurança pública, entre outros benefícios. No marketing, a tecnologia também passa a ser utilizada para satisfazer os desejos do consumidor, oferecendo melhores experiências na jornada de compra.
No livro Marketing 5.0:Tecnologia para a Humanidade, Philip Kotler destaca como um dos desafios do marketing romper o abismo entre as diferentes gerações, que cresceram com filosofia e estilo de vida totalmente diferentes. Hoje temos a Geração “Z” que prioriza a sustentabilidade, inclusão e diversidade, e trouxe para a maioria dos consumidores a importância da responsabilidade social das marcas.
Para incorporar propósitos sustentáveis ao negócio e agregar valor à marca o profissional de marketing deve estar atento a novos modelos de desenvolvimento como o proposto pela ONU nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Criados para orientar os principais tomadores de decisões na abordagem dos desafios sociais e ambientais, como erradicação da pobreza, educação de qualidade e igualdade de gênero, eles trazem um norte para as empresas que desejam fazer a transição para essa nova matriz econômica.
A grande questão é: quais tecnologias podem ajudar o departamento de marketing e a humanidade? – Kotler cita tecnologias como Inteligência Artificial, processamento da linguagem natural, sensores robóticos, realidade aumentada e virtual, Internet das coisas (IoT) e Blockchain como essenciais para ajudar o departamento de marketing de várias maneiras.
Seja para tomar decisões baseadas em dados e conseguir fazer previsões mais assertivas sobre onde investir ou para diversificar as estratégicas, levando experiências do mundo digital para o físico (principalmente no varejo), sem falar na possibilidade de agilizar as tarefas, economizando tempo precioso do profissional para que este possa se dedicar ao que “só o ser humano” pode fazer!
Os profissionais de marketing devem encarar a tecnologia como uma aliada na tarefa de atrair, conquistar e fidelizar os clientes. A sinergia entre a humanidade e a tecnologia no Marketing 5.0 oferece a oportunidade de criar conexões mais profundas e significativas com o público, personalizando as relações de forma alinhada aos valores e expectativas dos consumidores, em constante evolução.
Ao abraçar essa abordagem, podemos construir um marketing mais eficaz, humanizado e sustentável, olhando para o futuro.
(*) – É Analista de Marketing da Roost, empresa de tecnologia especializada em soluções de edge computing (https://roost.com.br).