Em depoimento ontem (17) na CPMI da JBS, o procurador Ângelo Goulart Villela voltou a acusar o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de atuar politicamente no que chamou de “trama” do acordo de delação premiada com executivos do grupo J&F.
Villela foi preso durante a Operação Patmos, após suspeitas de que teria vazado informações sobre a Operação Greenfield, que tinha como alvo a holding J&F, controladora do grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O procurador, afastado do cargo, integrava a força-tarefa da operação desde março. Segundo as investigações, Vilella, que foi solto em agosto por decisão do STF, recebia mesada de R$ 50 mil dos irmãos Batista. Aos parlamentares Ângelo disse ainda que o objetivo de Janot era que a delação resultasse na perda de mandato do presidente Temer, o que evitaria que Raquel Dodge fosse nomeada procuradora-geral da República.
Sobre sua prisão, Villela afirmou que foi a maneira escolhida por Janot para “proteger” o ex-procurador Marcelo Miller, um dos seus principais assessores. Miller, que pediu exoneração do órgão para atuar no escritório de advocacia que defende a JBS, foi determinante na crise que resultou na perda de benefícios de delatores da empresa. “A questão do Janot, na minha opinião, era mais do que uma proteção ao Miller. Ele precisava deixar bem claro que ele atuava de forma imparcial, que o compromisso dele seria única e exclusivamente combater a corrupção”, disse.
Vilella disse ainda que Janot “agiu com o fígado” em relação a ele, porque se sentiu traído. “Porque eu estaria me bandeando para o lado da arquirrival dele [Raquel Dodge], como se isso, ainda que fosse verdadeiro, legitimasse uma atuação devastadora em relação a mim”, concluiu (ABr).