Em seu mais recente Relatório Global de Insolvências, a Allianz Trade revela uma perspectiva mais severa para o cenário global de negócios, com projeções de aumento de insolvências de +11% em 2024 – nível ainda mais acentuado do que o previsto anteriormente.
O relatório destaca as principais tendências e riscos para as empresas em todo o mundo, uma vez que a economia global enfrenta uma demanda lenta, tensões geopolíticas contínuas e condições de financiamento irregulares.
. Aumento de insolvências – Na América Latina, é esperado que o Brasil registre um salto substancial nas insolvências empresariais em 2024 (+33% a/a), prolongando a tendência que começou em 2023 (+39%) com a contínua desaceleração da economia nos últimos anos.
Olhando para o futuro, a expectativa é de que a recuperação da atividade permaneça limitada e que a política monetária mantenha a pressão sobre as finanças das empresas, por meio do ciclo de aperto iniciado em setembro de 2024. Nesse sentido, as insolvências de empresas devem continuar atingindo níveis elevados nos próximos trimestres, com mais de 3.400 e 3.200 casos em 2025 e 2026, respectivamente.
. Uma aceleração global mais rápida do que o esperado – Quando a Allianz Trade divulgou suas primeiras previsões de insolvência global em fevereiro, a empresa já esperava um forte aumento em 2024 (+9%), seguido por uma estabilização em 2025.
No entanto, os acontecimentos recentes levaram a um quadro ainda mais sombrio, com um aumento agora previsto em +11% para este ano (+2pps em relação à previsão anterior), seguido por um pico em 2025 de +2% (+2pps em relação à previsão anterior). Portanto, as insolvências de empresas não se estabilizarão até 2026 e, mesmo em 2026, elas devem permanecer em níveis elevados.
Nos EUA, a Allianz Trade espera que as insolvências aumentem em +12% em 2025, antes de cair em -4% em 2026. Na Alemanha, elas aumentarão em +4% antes de cair em -4% em 2026. Na França e no Reino Unido, elas serão ligeiramente moderadas em relação aos níveis muito altos (-6% em 2025 para ambos contra -3% e -4% em 2026, respectivamente), enquanto na Itália elas continuarão a aumentar (+4% e +3%, respectivamente).
Na China, as insolvências de empresas começarão a aumentar a partir de níveis baixos, +5% e +6% em 2025 e 2026, respectivamente. Mais da metade do PIB global será atingida por aumentos de dois dígitos. No acumulado do ano, as insolvências nas empresas aumentaram em +9% em todas as regiões e setores. Globalmente, o índice de insolvência para 2024 deve ficar +13% acima da média de 2016-2019, mas -11% abaixo do nível da Crise
Financeira Global.
“Essa montanha-russa global de insolvências de empresas se deve, em parte, à demanda global ainda moderada, à incerteza geopolítica persistente e às condições de financiamento irregulares. Isso também pode ser explicado pelo “acúmulo” de insolvências, já que as empresas não estão mais protegidas pelas medidas de apoio implementadas durante a pandemia e a crise energética.
É por isso que os países que respondem por mais da metade do PIB global serão atingidos por aumentos de insolvências de dois dígitos em 2024, e dois terços podem ultrapassar seus números pré-pandêmicos este ano. Os setores de construção, varejo e serviços foram os mais atingidos, tanto em termos de frequência quanto de gravidade”, acrescenta Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.
Notavelmente, as grandes insolvências também atingiram um novo nível recorde, com a Europa Ocidental liderando essa tendência. Isso também representa uma grande ameaça para o mercado de trabalho, na Europa e na América do Norte. Até 2025, mais de 1,6 milhões de empregos podem estar em jogo nessas regiões, 8% do número total de pessoas desempregadas, marcando o nível mais alto em uma década. As principais áreas em risco são construção, varejo, e setores de serviço.
As taxas de juros mais baixas podem ser um divisor de águas para as empresas? Embora uma flexibilização gradual das políticas monetárias possa oferecer algum alívio, ela não será uma solução milagrosa para as empresas em dificuldades. Taxas de juros mais baixas reduzem os custos de empréstimos, melhoram o fluxo de caixa e aumentam a lucratividade, mas não podem resolver totalmente os desafios financeiros que pairam sobre as empresas.
“As empresas já estão se desalavancando e se ajustando às altas taxas. Nossa análise sugere que o atual ciclo de flexibilização (-2pp até setembro de 2025) levaria a uma redução de -4pp na tendência de insolvência, graças a margens mais altas (até +2pp na Alemanha, +4pp na França, +3pp no Reino Unido e +2,8pp nos EUA). No entanto, isso compensaria apenas ligeiramente o aumento geral nos EUA, por exemplo, e reforçaria a queda na França”, finaliza Maxime Lemerle, analista líder de pesquisa de insolvência da Allianz Trade. – Fonte e mais informações: (https://www.allianz-trade.com/en_global.html).