Pollyana Guimarães (*)
O sucesso profissional já deixou de ser pautado apenas pelas hard skills. De nada adianta ter competências técnicas, sem a capacidade de saber lidar com colegas de diferentes personalidades e, acima de tudo, ter um autoconhecimento sobre suas emoções e limites.
Neste novo cenário, as inner skills, como são denominadas este conjunto de habilidades intrapessoais, precisam receber seu devido destaque como chaves essenciais para um crescimento próspero nas empresas, inclusive, combatendo a chamada Síndrome de Burnout.
Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, o Burnout, se tornou uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde OMS), devido aos índices alarmantes atingidos durante a pandemia.
Em dados divulgados pelo Índice de Bem-estar Corporativo do Zenklub, cerca de 58% dos profissionais defendem que o Burnout é o maior inimigo do bem-estar. Quem sofre com o problema, sente cansaço físico e mental aliado ao trabalho. Sintomas que podem ser superados pelo desenvolvimento das inner skills.
Ao invés de valorizar apenas as habilidades técnicas ou as sociocomportamentais – pertencentes às chamadas soft skills – as inner skills se referem ao conhecimento intrínseco do emocional de cada indivíduo. Ou seja, a capacidade em desenvolver suas próprias emoções em prol do maior equilíbrio possível, de forma que consiga ter mais controle sobre seus sentimentos e como agir nas mais diversas situações do dia a dia, seja no âmbito pessoal ou profissional.
Mesmo sendo um termo ainda pouco explorado no mercado, seus benefícios se mostram claramente perceptíveis por aqueles que buscam desenvolvê-las ao máximo. Ao compreender melhor sua própria mente e pensamentos, o convívio entre os profissionais de uma mesma empresa se torna muito mais harmonioso, evitando conflitos desnecessários pela falta de comunicação ou capacidade de resolução de problemas que possam acontecer durante a rotina de trabalho.
Relacionamentos mais efetivos e estruturados são essenciais para times bem equilibrados, uma vez que o autodomínio reflete diretamente em nossas ações cotidianas. Quando potencializados, as companhias tendem a ter ganhos crescentes de desempenho e produtividade, pela melhor gestão interna individual e o consequente dinamismo aperfeiçoado entre todos os membros da empresa.
Muito além de tais vantagens, as inner skills são habilidades essenciais para uma melhor saúde mental. Ao contrário do que muitos acreditam, o Burnout não é ocasionado meramente pela sobrecarga de trabalho. Mas, sim, pelo baixo autoconhecimento e capacidade de identificar seus limites, perpetuando rotinas exaustivas que visam apenas da satisfação dos líderes.
A falta de atenção a essas questões, traz danos severos para todos os envolvidos, evidenciando a importância de aprimorar o entendimento próprio como habilidade essencial para um desenvolvimento individual e corporativo. O autoconhecimento depende de um processo de observação intenso por ambas as partes.
Em um primeiro momento, o profissional precisa iniciar uma jornada de observação mais minuciosa, compreendendo quais situações desencadeiam sentimentos incômodos e diferentes que tenha mais dificuldade para lidar e quais os recursos utilizados para agir com tais adversidades.
De forma conjunta, o feedback de colegas, superiores e, especialmente, dos líderes, também são extremamente importantes de serem concedidos a todo o momento. Seja pelo mapeamento de perfis ou atividades corporativas através de mentorias, meditação, terapias individuais e coletivas, consultorias ou coaching, esse olhar de fora pode trazer pontos essenciais para uma avaliação pessoal, acerca dos comportamentos costumeiros e sobre como melhorá-los.
Diante de tantas mudanças no mercado, se tornou clara a incapacidade de contratar e reter profissionais, apenas buscando aqueles que tenham habilidades técnicas excepcionais. Muito além de desenvolver as inner skills individualmente, é importante que os líderes e gestores compreendam a importância dessas habilidades para a vida pessoal e o ambiente de trabalho de cada um.
É preciso entender essas demandas, estar antenado às necessidades e exigências do mercado e, principalmente, promover práticas positivas que incentivem esse autoconhecimento entre todos. Assim, não apenas os profissionais se sentirão melhores consigo mesmos, como todo o ambiente e colegas com quem convivem, criarão um relacionamento muito mais saudável e próspero para o crescimento da empresa no mercado, longe do Burnout.
(*) – É idealizadora da Evoluzi, empresa de curadoria de treinamentos corporativos (https://evoluzi.com.br/).