O real, uma das moedas emergentes com pior desempenho nos últimos meses, já estaria subvalorizado. Pelo menos é o que mostra o popular índice Big Mac, calculado pela revista britânica The Economist, que indica a divisa brasileira com uma subvalorização de 10,6%.
O preço do tradicional sanduíche no Brasil é de R$ 13,50 (US$ 4,28) e a taxa de câmbio de mercado é de uma cotação de R$ 3,15 para o dólar, segundo dados da revista coletados até 15 de julho. Entretanto, o índice Big Mac indica que a taxa de câmbio deveria ser de R$ 2,82.
Em janeiro deste ano, o real estava sobrevalorizado em 8,7%, de acordo com essa mesma pesquisa. Com os novos dados, é a primeira vez desde janeiro de 2007 que o real aparece subvalorizado. Naquela época, o índice apontava -6,8% para a moeda brasileira. O nível atual é o pior desde janeiro de 2006 (-13,0%). A revista aponta que as moedas de países exportadores de commodities são as que mais têm sofrido nos últimos meses, afetadas pela desaceleração da China.
“O Brasil é um grande exportador de commodities e o real parece sobrevalorizado em relação a seus pares, mas as altas taxas de juros no País tornam mais caro para os especuladores venderem a descoberto e são um atrativo para investidores em busca de retornos maiores”, diz a Economist.
Das 43 moedas acompanhadas pela revista, a mais frágil é o bolívar venezuelano, com uma subvalorização de 86,0%. Apenas quatro estão sobrevalorizadas em relação ao dólar: o franco suíço (+42,4%), a coroa norueguesa (+17,9%), a coroa sueca (+7,0%) e a coroa dinamarquesa (+6,0%).
O índice Big Mac é baseado na ideia da paridade do poder de compra, que diz que as taxas de câmbio deveriam se mover em direção a um nível que tornar igual o preço de uma cesta de produtos em diferentes países. Neste caso, se o custo local de um sanduíche é superior ao preço nos EUA, de US$ 4,79, a moeda está sobrevalorizada, ou cara. Se o preço local é inferior a esse nível, a moeda está subvalorizada, ou barata.
A Economist lembra que, para moedas emergentes, estar subvalorizada no índice Big Mac não é necessariamente sinal de que a taxa de câmbio deve subir em breve. Isso porque o custo do hambúrguer depende parcialmente de itens não comercializáveis, como aluguéis e salários, que tendem a ser menores em países mais pobres (AE).