Marcus Luz (*)
A hiperautomação é uma combinação de tecnologias e conhecimentos usados para automatizar processos de trabalho, tornando o modelo do negócio ágil para auxiliar gestores a tomar decisões precisas e rápidas.
A implantação desses sistemas ajuda a economizar milhares de horas de trabalho em operações repetitivas, reduzem significativamente os custos e minimizam muito as taxas de erro de processos complexos de análises de dados. A hiperautomação também se refere à aplicação de tecnologias avançadas, como a Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML), automatizando processos mais complexos e potencializando os humanos a enxergar mais soluções.
A maturidade da IA e aprendizado de máquina, permite adicionar uma camada de inteligência a uma série de tecnologias já consolidadas na indústria (RPA, Case Management), para criar um ecossistema de soluções E2E (End-to-end, ou ponta-a-ponta), destinado a automatizar processos dentro dessas soluções que, até pouco tempo necessitavam uma participação humana ativa.
Nos próximos anos, os analistas de mercado preveem um grande crescimento da hiperautomação ou automação inteligente, também chamada de RPA (Robotic Process Automation, ou Automação de Processos Robóticos, da sigla em inglês).
Segundo o Gartner, ainda em 2022, 65% das organizações vão implementar RPAs com uma camada de Inteligência Artificial, incluindo aprendizado de máquina, aplicações low code e processamento de linguagem natural.
Além disso, a pesquisa também afirma que, até 2024, a combinação dessas tecnologias com o redesenho de processos terá permitido às organizações reduzir seus custos operacionais em 30%. Em um contexto de digitalização acelerada, uma empresa eleva seus status em inovação ao incluir em sua visão de futuro uma estratégia de automação avançada. Dessa forma ela padroniza processos, trabalhando os dados de forma mais otimizada e oferece uma melhor experiência aos clientes.
É importante destacar que o objetivo da hiperautomação não é substituir o trabalho das pessoas, mas apoiá-las na melhoria de processos. Nenhuma tecnologia pode substituir a capacidade do ser humano de interpretar informação, aplicar lógica e tomar decisões. O propósito da hiperautomação é colocar o conhecimento obtido pelo ecossistema tecnológico a serviço das pessoas, a fim de melhorar sua capacidade de tomada de decisões críticas.
Dessa maneira, as pessoas com conhecimento sobre o negócio da empresa podem se basear na informação de valor extraída pelo ecossistema inteligente, o que dá lugar a organizações ágeis, eficientes e capazes de utilizar o conhecimento obtido para uma tomada de decisões precisa. Graças à hiperautomação, as administrações públicas conseguem gerir incidentes de forma rápida, reduzindo gastos, ajudando a melhorar os serviços aos cidadãos.
Empresas de energia conseguem otimizar a proteção de seus ativos e infraestruturas. As seguradoras e bancos também se beneficiam com reduções significativas nos processos de registro e comunicação com seus clientes.
Assim, por exemplo, a robotização da gestão de incidentes por vulnerabilidades de ativos em uma grande operadora de telecomunicações permitiu liberar 6.000 horas de trabalho por ano e obter uma taxa de erro de 0%.
Da mesma forma, uma solução de download massivo para modelos de declaração de imposto conseguiu reduzir o tempo de operação de 10 minutos para segundos e reduzir a taxa de erro em 98%. Outro exemplo foi o de uma agência tributária, onde trabalhamos na elaboração e aplicação de uma estratégia de hiperautomação a fim de detectar fraude fiscal. Antes da implantação, os analistas da agência buscavam possíveis fraudes cometidas em escrituras, contratos, documentos judiciais, faturas e outros documentos administrativos.
Usando métodos tradicionais, como busca e identificação de padrões, por exemplo, a possibilidade de passar irregularidades fiscais era elevada, devido ao enorme volume de informações a ser verificado manualmente. Depois da solução de hiperautomação ser implantada, o sistema analisa todos os documentos e cerca 57% são separados como suspeitos. Esses documentos suspeitos são passados aos analistas para comprovação. E, em cerca de 80% desses documentos, o sistema acertava que estavam cometendo alguma ilegalidade fiscal.
Usando as tecnologias certas para cada tipo de problema, a hiperautomação ajuda os clientes de forma mais rápida, economiza tempo, reduz custos nos processos e libera as pessoas para tarefas mais estratégicas para pensar em novas soluções, mantendo a empresa sempre inovadora.
(*) – É Diretor Executivo de Tecnologias Digitais da Minsait no Brasil.