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Geomarketing como estratégia de negócio

em Destaques
quarta-feira, 01 de junho de 2022

Lucas Jorge Vasconcelos (*)

De grandes nomes da indústria de alimentos que buscam ampliar suas franquias até ONGs de monitoramento ambiental que procuram interceptar o desmatamento, são inúmeras, diria até infindas, aplicabilidades do geomarketing no cotidiano de grandes, médios e até pequenos negócios.

Seja diretamente voltado ao desenvolvimento da empresa ou focado em alguma estratégia pontual, o planejamento embasado nas métricas partindo da localidade agrega mais assertividade e transparência nas tomadas de decisões que ditarão o rumo e o ritmo que o negócio irá evoluir.

Podemos perceber ao acompanhar a constante evolução das técnicas de informação por meio de análise de dados que as inter relações entre espaço, localização e desenvolvimento da sociedade seguem em ritmo cada vez mais acelerado.

A Geo-inteligência, por sua vez, atua como principal responsável pela interpretação dessas informações na atualidade, os filtros viabilizados pela gama das infinitas possibilidades que o cruzamento de dados proporciona revelam com maior precisão o contexto exato que permeia os objetos de análise.

A cadeia operacional é composta desde os satélites que captam a informação até o profissional que recebe os diagnósticos, seja por meio de softwares e programas específicos para a decodificação que o monitoramento territorial traz consigo.

Geografia, inteligência territorial, marketing e planejamento podem juntos formar uma amálgama se postos à lente do diagnóstico e interpretação de dados. Para elucidar o entendimento, iremos abordar separadamente estes temas e mesclar com o que já sabemos até aqui, geomarketing é o presente. O escritor, cientista, jornalista, advogado, professor e geógrafo Milton Santos proferiu a célebre frase, ‘’o espaço é a acumulação desigual de tempos’’.

Se o espaço metafísico vivido por nós e pelos que viveram antes de nós estão à mercê de mudanças efêmeras, se levarmos em conta a linha cronológica da Terra, então podemos conjecturar que a atualização só se faz eficaz com a descoberta de todos os fatores que compõem o que aquele espaço de fato é e quais as suas influências na vivência do ser humano a sua volta.

A geografia é, dentre tantas outras definições, a ciência que estuda a relação entre o espaço e quem ou o que o ocupa, da sociedade a natureza e tudo o que permeia os ecossistemas conhecidos. O real desafio com toda essa modernização escalonada das tecnologias de georreferenciação é encontrar as funcionalidades para que essas implementações surtam efeito no desempenho das estratégias mercadológicas que as empresas executam, com a finalidade de performar cada vez de forma mais assertiva.

Analisar dados requer ramificações de conhecimentos distintos, quanto mais completa uma análise maior a variedade de filtros que a informação bruta teve de passar para que se alcance as tomadas de decisões mais consistentes. Dentre todas as aplicabilidades que a detenção de dados possui, uma das mais relevantes é a possibilidade de evidenciar os valores específicos para diferentes etapas dos múltiplos processos que a tomada de decisão exige, tudo previamente metrificado, embasando muito mais a estruturação da estratégia a ser seguida.

A maior dificuldade hoje em dia não é a coleta de dados, e sim a organização e processamento para que seja possível extrair ao máximo todas as informações por meio das contextualizações que cada problemática apresenta.

Um caso que podemos usar de exemplo para contextualizarmos como a análise de dados permite tomadas de decisões mais seguras e em um menor período de tempo é o da metrópole de Cingapura, que utiliza a coleta de dados das condições do tráfego em tempo real e com isso determina, de forma automática, os preços flutuantes dos pedágios, fazendo com que motoristas evitem se locomover em períodos com maior incidência de congestionamentos, otimizando, desta forma, a fluidez da malha rodoviária.

A busca das empresas por ampliar sua rede é um investimento que deve ser milimetricamente estudado, seja para abertura de filiais, pontos de apoio ou até mesmo franquias, quanto mais fidedigna for a identificação de locais com potenciais características que conversem com a finalidade do seu negócio, maior será a chance de retorno por tomada de decisão partindo da localização.

Atualmente, mais e mais empresas priorizam alterar a forma tradicional sobre como abordar o mercado pensando no quesito de aumentar suas bases operacionais. Saber onde estão seus clientes, qual o fluxo que eles percorrem, onde está sua concorrência, e o principal, como tudo isso está relacionado com os novos pontos em potencial são os primeiros passos de uma tomada de decisão mais assertiva.

A gestão do território se deve ao mesclar de tecnologias, na área de informação, comunicação, geográfica e de gestão. Esses pilares, quando juntos, formam a rede que trará insights direcionados sobre qual caminho será mais saudável seguir perante as escolhas e os objetivos que a empresa possui.

Hoje, com o advento e massificação do uso da internet móvel, a execução das análises estão sendo muito mais individualizadas, a fim de traçar padrões de consumo, segmentando seu público por diversas ramificações, as quais formam uma espécie de coeficiente modelo, que por sua vez pode ser aplicado em pesquisas quantitativas para que tenhamos cada vez mais entrelaçado o interesse do nosso público com os locais pelo qual ele passa.

Não podemos esquecer de que a palavra marketing na aglutinação dos dois termos não está exclusivamente relacionada a um produto e a sua visibilidade, está acima de tudo relacionado com a decodificação de comportamento e padronização de atitudes. O planejamento do marketing é aliado com a forma geográfica em estudar e interpretar as relações interpessoais que possuímos com os espaços à nossa volta.

Neste contexto, a análise de dados opera em busca de equilibrar e transformar informação em decisão por meio de insights que a organização, integralização e diagnósticos proporcionam.

(*) – É escritor, jornalista e coordenador de comunicação na Datlo, empresa de Inteligência Geográfica.