Luiz Macedo (*)
O futuro financeiro nunca foi tão incerto. A aposentadoria “oficial”, pelo INSS, fica cada vez mais distante para muitas pessoas, especialmente porque o mundo do trabalho mudou. Uma alternativa para uma parcela significativa da população que não tem carteira assinada são os fundos de previdência.
O problema, no entanto, é a infinidade de fundos que existem. Para se ter uma ideia, segundo a Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – existiam 20.995 mil fundos de investimento em agosto, sendo 2.326 só de Previdência. Para pessoas comuns fica difícil conhecer e entender como eles funcionam; saber se cobram taxas de carregamento; rendimento; ou conseguir comparar as taxas de administração cobradas pelas administradoras.
E, desta forma, a maioria não tem conhecimento suficiente para optar pelo investimento mais adequado à sua realidade e perfil. Também não dá para exigir que todo mundo adquira conhecimento e educação financeira de qualidade, pois, cada um tem seu grau de aptidão e afinidade com conceitos matemáticos e estatísticos. Vale mencionar que as consultorias especializadas e de alta qualidade são caras e só estão disponíveis para grandes fortunas.
Some-se a isso duas principais realidades que se opõem diametralmente para que as pessoas tenham boas condições de sobrevivência no futuro e são fator de grande incerteza quanto à aposentadoria. De um lado, há uma tendência de envelhecimento da população, o que sobrecarrega o já exaurido sistema de aposentadoria do governo. Segundo o IBGE, a expectativa média de vida dos brasileiros, em 2018, alcançou 76,3 anos. Além disso, a parcela da população com mais de 65 anos era de 10,5% em 2018, e pelas projeções do instituto, esse percentual vai atingir 15% em 2034 e chegar a 25,5% em 2060.
E este é um fenômeno mundial. Segundo artigo da PLOS ONE, a expectativa de vida por regiões no mundo pode ser classificada da seguinte forma: muito alta (América do Norte e Europa, 79,2 anos); alta (América Latina e Caribe, 76,1 anos); média (Sudeste Asiático, 73,3 anos); e baixa (África Subsaariana, 62,1 anos). No Brasil, temos o agravamento dessa situação em decorrência do rombo da Previdência. A Secretaria do Tesouro Nacional divulgou em fevereiro que o déficit previdenciário total atingiu R$ 318 bilhões em 2019, alta de 10% frente ao patamar do ano anterior (R$ 289 bilhões, valor corrigido).
Quadro que piorou com a pandemia. De acordo com relatório de avaliação de receitas e despesas divulgado pelo Ministério da Economia, o rombo da previdência dos trabalhadores da iniciativa privada em 2020 subiu de R$ 241,3 bilhões para
R$ 276,5 bilhões, em decorrência da baixa arrecadação. A equipe econômica calcula que esse aumento no déficit, da ordem de R$ 35,2 bilhões, anula toda a redução que a reforma da Previdência geraria em 2020 e 2021: R$ 36 bilhões.
Do outro lado, temos, além da degradação sistemática do emprego formal (com carteira assinada) e sua substituição por modelos que são conhecidos como a pejotização, uma crescente parcela da população em trabalhos informais. A informalidade inclui trabalhadores sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares. Ao todo, 13,7 milhões de pessoas estão desempregadas, segundo o IBGE.
Com o desemprego, muitas pessoas foram trabalhar por conta própria, mantendo alguma renda. A taxa de informalidade no Brasil ficou em 36,9% da população ocupada, em agosto, também de acordo com o IBGE. Fintechs e wealthtechs podem ser o caminho mais viável para fazer frente a essa conjuntura porque democratizam o acesso à consultoria de alta qualidade para qualquer pessoa. Elas trabalham com algoritmos inteligentes capazes de varrer todas as ofertas de fundos de investimentos, registrados na CVM.
Também usam diversos parâmetros para indicar a melhor opção para quem quer se aposentar ou investir, pensando no futuro. São avaliados parâmetros macroeconômicos de mercado e estratégicos de gestão de risco. Robôs inteligentes são parametrizados pelos gestores com indicações fundamentalistas e fazem análises quantitativas para estudar as características relacionadas a cada indivíduo como disponibilidade e propensão a risco, objetivos e capacidade econômica.
Essa inteligência artificial garante que qualquer pessoa conheça particularidades e encontrem a melhor opção. Além disso, contam com sistema de rede neural artificial que faz a leitura das emoções da linguagem natural escrita, o que permite perceber a real intenção do usuário quanto ao risco que deseja ser exposto. Todo esse processo, enriquece muito o aprendizado das pessoas em geral, pois, conseguem receber educação financeira de forma tangível no seu caso concreto, com um guia online auxiliando seu passo a passo.
Diante da imprevisibilidade do mercado de trabalho e do consequente aumento do contingente de pessoas que trabalham como autônomos, normalmente na informalidade, as ferramentas inteligentes descomplicam o acesso dessa população a investimentos em fundos de previdência. E, no fim das contas, exercem uma função social de extrema importância.
(*) – É fundador e CEO da Allê Invest, especializada em gestão inteligente de investimentos e previdência.