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Fusões e aquisições envolvendo negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos estão aquecidas, mas, afinal, o que acontece com os colaboradores e fundadores após?

em Destaques
segunda-feira, 24 de abril de 2023

Amure Pinho (*)

Geralmente quando uma grande empresa faz um M&A e compra uma startup, ela não está apenas adquirindo o mercado que essa empresa desenvolveu, faturamento e a tecnologia criada, mas também as pessoas que construíram para o sucesso e reputação do negócio. Por isso, é muito comum no momento da venda, quem adquiriu a startup optar por uma manutenção no time, aliado aos fundadores, ao passo que o novo dono quer continuar dando norte e ritmo de crescimento para a organização.

Situação cada vez mais comum no ecossistema das startups, as fusões e aquisições mais que triplicaram de 2019 para 2021, atingindo inclusive números recordes: mais de US$ 9,44 bilhões foram investidos nas startups brasileiras em 2021, de acordo com um levantamento da plataforma Distrito.

Mas, afinal, como ficam os fundadores e colaboradores nesta situação? No caso dos fundadores, normalmente eles acabam assinando no contrato de venda, uma cláusula de obrigação de permanência na empresa. Isso ocorre, porque não faz sentido nenhum comprar um negócio e tirar os principais fundadores que detém todo conhecimento estratégico do negócio. E com isso, acabam comprometendo-se a ficar de três a quatro anos ainda dando todo suporte necessário, porém esse número pode variar a cada contrato.

E os colaboradores? O que acontece com eles? É importante pensar que, neste momento, é injetada expectativa e capital na startup adquirida. Então, fusões, troca de posições e novas contratações podem acontecer, mas geralmente os funcionários são realocados de acordo com a nova estrutura da empresa.

Nestes casos, há apenas um ponto de atenção, afinal será que a cultura da empresa adquirida é similar à quem a comprou? É comum manter a permanência dos colaboradores, principalmente no primeiro ano, até mesmo para avaliá-los e conhecê-los estrategicamente, porém, aos poucos, claramente alguns encaixam-se de acordo com a nova mentalidade e outros não.

No caso do investidor-anjo, se a empresa for comprada, ele acaba saindo após a aquisição, uma vez que conseguiu alcançar o seu exit e obter lucros, credibilidade e reputação para o negócio. Apesar dos fundadores comumente investirem dinheiro do próprio bolso nas startups, eles devem cumprir o prazo determinado em contrato, com relação ao período que permanecerão na operação da empresa, para assim adquirir o valor negociado previamente. Lembrando que, caso eles não cumpram, há o risco de perderem parte do valor da venda.

Os M&A’s no mercado de startups seguem aquecidos! Não à toa, bateram recorde em 2021, totalizando 227 aquisições e com expectativas de continuarem, com os novos cenários e maturidade do mercado de inovação.

(*) É empreendedor há mais de 20 anos, já foi presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), é investidor-anjo em mais de 45 startups e fundador do Investidores.vc, plataforma de investimento em startups que já investiu mais de R$25 milhões nos últimos anos.