Roger Finger (*)
Nestes doze meses, a sociedade viu continuados avanços no campo tecnológico, em diversas áreas simultaneamente.
Assim foi com a Internet das Coisas, Computação Quântica, Inteligência Artificial, Automação e Realidade Aumentada. A constante evolução dessas tecnologias e o desenvolvimento de novas formas para utilização de itens que víamos inicialmente como básicos, nos dão a oportunidade de pensar quais serão as grandes tendências tecnológicas para 2023, um ciclo que promete mudanças não apenas no mundo real, mas também no ambiente virtual.
Um departamento no qual esse salto poderá não ser “perceptível a olho nu” é o das nuvens. É um assunto que já estamos ouvindo falar há muito tempo, mas a computação em nuvem vem se consolidando como alternativa corporativa e de experimentação. E voltando para mais perto de nós.
De acordo com a consultoria McKinsey & Company, desde 2019 as “Nuvens Híbridas” (o uso conjunto de nuvens públicas e privadas) em ambientes corporativos crescem em ritmo acelerado, com um mercado de US$ 300 bilhões em investimentos em serviços de nuvem, com 90% dos usuários em geral e 80% das empresas usando nuvens híbridas, com a expectativa que essa participação cresça ainda mais em 2023.
Com o estabelecimento de regulamentos e leis sobre o uso de dados em mais de 60 países, incluindo o Brasil, além da necessidade cada vez maior da força de computação e volume de dados, a computação em nuvens híbridas se tornou uma alternativa devido a maior segurança e menor latência, com 26% dos servidores privados sendo usados na computação de borda, mais próxima das empresas e usuários finais, ainda de acordo com levantamento da McKinsey.
Além do crescimento das nuvens híbridas, uma novidade aqui são as Multiclouds: o uso de diversas nuvens públicas por meio de diferentes fornecedores sob uma única arquitetura de dados, possibilita assim não apenas o aumento da eficiência, mas também a redução no custo da infraestrutura.
Ao mesmo tempo que a nuvem ganha mais espaço, a Inteligência Artificial se posiciona para estar em todo globo terrestre, cada vez mais, tendo como o carro-chefe dessa expansão as IAs Generativas, atualmente vistas em experimentos artísticos, e cada vez melhores nessa questão.
Diga-se de passagem, no âmbito industrial, essa tecnologia, além de ser mais rápida e barata, pode ser usada de múltiplas formas, não se limitando à arte, com integração à navegadores, em apresentações, ambientes virtuais para o metaverso, e também para a produção de conteúdos que não são reais, como pessoas que não existem (um exemplo é o site ThisPersonDoesNotExist), objetos, ambientes e dados que poderão ser considerados “sintéticos” quando produzidos com boas intenções, e “fakes” quando usados para outros fins.
Além dessa geração, os Campos de Radiação Neurais (NeRF) permitirão a criação de imagens em 3D de objetos e locais a partir de imagens reais em 2D, gerando conteúdos diversos para produção de vídeos, games, além de engenharia e design, em geral, de forma mais fácil e rápida.
Também serão cruciais no desenvolvimento de “digital twins”, representações virtuais que auxiliam na otimização de processos industriais e corporativos, outra tendência que se fortalecerá em 2023. Conjuntamente a esses avanços, a Computação de Alta Performance (HPC) ganhará escala, podendo chegar a um mercado de US$47 bilhões em 2027, de acordo com a consultoria Markets and Markets Research.
Isso, crescendo dentro das empresas no âmbito da ciência de dados, combinando diferentes linguagens de programação, softwares, arquiteturas de processadores e diferentes algoritmos para processar dados em várias frentes, desde o design estrutural de carros, à interação molecular na indústria farmacêutica, e esse espaço será continuamente expandido com a diminuição das estruturas necessárias para desenvolver essa tecnologia, levando para custos mais baixos o investimento total com sua implementação futura.
O metaverso também continuará com investimentos bilionários e constantes, de grandes nomes da indústria. Com a evolução nas capacidades de computação em nuvem andando junto com as melhoras na tecnologia háptica, permitindo assim a movimentação cada vez mais realista no universo virtual.
Com o desenvolvimento de avatares e gráficos ainda melhores, é possível que ambientes no metaverso se tornem mais atrativos para empresas e usuários nos próximos anos, prevendo-se que já em 2026, 25% desses usuários passem pelo menos uma hora diariamente em diferentes ambientes virtuais, de acordo com a consultoria Gartner.
O ano de 2023 será palco das diferentes tecnologias que irão convergir para crescerem juntas, vendo um desenvolvimento contínuo em busca de custo menor e capacidade de processamento maior. Esse ano vindouro será o início do desenvolvimento das tecnologias que estarão em voga no fim da década.
(*) – É Gerente de Inovação Tecnológica da Positivo Tecnologia.