Quem nunca parcelou as compras no cartão que atire a primeira pedra. Essa modalidade de compra é muito comum no Brasil e, de acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), SPC Brasil e Sebrae, estima-se que 62,3 milhões de consumidores brasileiros possuem contas parceladas no cartão de crédito, crediário, cheques pré-datados ou em cartões de lojas.
Por isso, não é de se estranhar que o novo “queridinho” do Brasil, o Pix, também ofereça essa possibilidade. Lançado em 2020, o recurso já superou o número de transações realizadas via cartões de débito e crédito e, no último trimestre de 2021, foram realizadas 3,9 bilhões de transações por Pix.
No entanto, quem se antecipou ao Banco Central para permitir parcelamento foram os bancos privados, cada um em sua própria plataforma. Instituições como Santander, PicPay e Mercado Pago são algumas das que já permitem que o consumidor realize pagamentos nessa modalidade.
“Na prática, o que acontece é que o consumidor está pedindo ao banco um ‘adiantamento’ do valor a ser pago”, explica André Barretto, CEO da plataforma de orientação financeira n2 app. O Pix parcelado funciona assim: a pessoa efetua o pagamento e seleciona o número de parcelas e já pode ver quais os juros que serão aplicados sobre essa operação.
O recebedor do pagamento receberá o valor integral imediatamente, como em uma transação comum via Pix, mas o valor só será debitado da conta do pagador a cada parcela. Para as instituições que oferecem o serviço, o lucro está nos juros que incidem sobre o parcelamento, pois essa modalidade funciona como um empréstimo pessoal.
O parcelamento do Pix não é uma funcionalidade oficial oferecida pelo BC, mas a instituição já tem planos para ampliar as maneiras de usar esse recurso: o Pix Garantido, projeto que está em fase de testes, deve permitir o parcelamento de compras de forma semelhante a um cartão de crédito. Essa função deve ser disponibilizada para os usuários a partir do segundo semestre de 2022.
Segundo Barretto, um dos principais cuidados que o consumidor deve ter é para não se endividar. “A possibilidade de parcelamento pode fazer com que as contas saiam do controle. Quem não tem o hábito de acompanhar de perto os próprios gastos pode acabar se perdendo e gastando mais do que deveria”, diz.
Considerando o Pix parcelado como um “empréstimo pessoal”, é importante entender em que situações esse parcelamento faz sentido e como ele funciona. “Idealmente, o crédito deveria ser solicitado pelas pessoas físicas apenas para adquirir patrimônio, como a compra de uma casa ou um carro, por exemplo.
Gastos do dia a dia, como compras em supermercados, lojas e outros estabelecimentos, também em um cenário ideal, não deveriam depender do crédito”, explica o CEO. As condições de crédito também podem variar de cliente para cliente, pois é concedido a partir de análise de perfil de cada indivíduo, o que significa que as taxas de juros variam de acordo com a pontuação de risco de crédito do cliente.
Para que a vida financeira não fique desequilibrada, é importante manter o orçamento em dia e entender as despesas e entradas. “Transformar a relação com seu dinheiro em uma rotina e saber quanto você ganha e quanto você gasta na semana é o primeiro passo para evitar se enrolar em meio a dívidas”, ressalta Barretto.
“A orientação financeira permite que cada um esclareça suas dúvidas com base nas suas necessidades, e possa construir um plano de ação rápido e efetivo para melhorar seu comportamento com seu dinheiro”, finaliza. – Fonte e mais informações: (n2app.com.br).