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É preciso se acalmar quanto as previsões e prescrições da Inteligência Artificial

em Destaques
quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Scott Zoldi (*)

Qual será a nova barreira a ser quebrada pela IA (Inteligência Artificial)? Entraremos em uma nova era mais tranquila? Esses questionamentos são feitos por muitos profissionais do mercado.

Fazendo uma reflexão, compartilho as minhas previsões de IA e nós – a indústria de tecnologia, as corporações e o mercado, estudantes universitários, e o mundo em geral – precisamos nos acalmar em relação à agitação e torno da IA e redirecionar nosso foco para a inteligência artificial prática. Aqui estão quatro maneiras como eu acredito que isso acontecerá. Confira:

  1. – IA auditável tornará a responsabilidade algo inerente ao processo – Se 2023 ensinou alguma coisa ao mundo, é que lançar modelos e produtos de IA de forma apressada é perigoso. Companhias que desejam que seus sistemas sejam confiáveis precisarão adotar a IA auditável. A Inteligência Artificial auditável se tornará obrigatória; com tanto em jogo nas decisões de IA e nos resultados da IA generativa, entender como os modelos operam não será mais um luxo.

Os requisitos de auditoria catalisarão as estruturas de governança a ponto de a responsabilidade se tornar algo palpável e viável. O blockchain torna a IA auditável facilmente alcançável. Essa tecnologia amadureceu e foi aplicada de maneiras extremamente úteis como no gerenciamento de governança de modelos de IA. Por isso, ela será um componente-chave das estratégias de IA auditável, uma vez que terá o conhecimento de modelos de IA testados e aceitos, o que ajudará a reduzir o risco de resultados negativos.

Assim, antecipo que a tecnologia de blockchain se tornará mais integrada ao ecossistema de ciência de dados. À medida que mais organizações incorporam a auditabilidade em seus fluxos de trabalho, haverá uma melhoria do modelo e na adesão aos padrões de desenvolvimento.

  1. – Menos é mais – Os grandes modelos de IA, incluindo os de linguagem (LLMs) como o ChatGPT, Google Bard AI, entre outros, são incrivelmente difíceis e caros de construir e operar. Além disso, retreinar esses modelos de forma sustentável, atual e que não incorra em erros, não é fácil. Defendo a crença pouco convencional de “explicabilidade primeiro, poder preditivo depois”, um princípio fundamental da IA Responsável.

Os pequenos modelos de IA altamente explicáveis serão aceitos e adotados como sendo mais eficazes do que modelos grandes e desproporcionais, à medida que as organizações se concentram em resultados práticos, confiáveis e positivos para os negócios.

  1. Os humanos se afirmarão novamente – Em 2023, as pessoas terceirizaram muitos pensamentos para a IA Generativa. Em 2024, perceberemos que temos a responsabilidade de ser os senhores dessa nova tecnologia, e não o contrário. Por quê? Porque ao terceirizar nosso pensamento crítico para um chatbot, a cada comando cedemos um pouco de nossa alma e criatividade. O pensamento crítico atrofia.

Acredito que os humanos superarão o fator da IA Generativa e se concentrarão na praticidade. As pessoas precisam entender criticamente, confiar e validar os sistemas de IA que utilizam. Por isso priorizarão encontrar novas maneiras de trabalhar usando a inteligência artificial como uma ferramenta, em vez de uma varinha mágica. Ao mudar o comportamento de utilização, veremos resultados muito melhores, éticos e responsáveis.

  1. A IA Generativa menos dramática, mais pragmática – É difícil imaginar que a IA Generativa vá deixar de ser prioridade. Mas esse é o ciclo natural de toda tecnologia que se torna o hype do momento, à medida que avançam e amadurecem, o uso da solução entra em linha de estabilidade. Embora o impacto em 2023 tenha sido sem precedentes, em 2024 a IA Generativa seguirá os passos do ciclo de outras tecnologias inovadoras, como o blockchain.

No início, ambas pareciam novidades poderosas com um grande potencial, mas desconhecido. Assim como o blockchain amadureceu e foi aplicado de maneiras extremamente úteis, como no gerenciamento de governança de modelos, a IA Generativa encontrará aplicações semelhantes que serão menos dramáticas, mas muito mais pragmáticas. Onde chegaremos? Entraremos em uma nova era mais tranquila da IA? Eu realmente espero que sim.

(*) – É CAO da FICO (https://www.fico.com).