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Desafios reforçam necessidade de criação de startups mais resilientes

em Destaques
terça-feira, 06 de agosto de 2024

Uma a cada quatro startups encerra as atividades em um tempo menor ou igual a 12 meses. Quando o período passa para até três anos, o resultado é ainda mais alarmante: cerca de 90% das empresas fecham as portas. Os dados são do Observatório Internacional do Sebrae.

Somado a isso, a catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul tem desdobramentos para a economia de todo o país. Seja logística, abastecimento, distribuição de insumos ou disponibilidade de capital, diversos fatores podem interferir no desenvolvimento das startups brasileiras neste momento. Do total das empresas impactadas pela catástrofe da enchente, 91% dos CNPJs são inscritos no Simples Nacional, ou seja, dentre estes, muitas startups.

Mas, como os negócios podem sobreviver e crescer nesse contexto? A resposta está no conceito de “startup resiliente”, ou seja, empresas que priorizam o crescimento sustentável e resiliente. “O que precisa acontecer agora é encarar a realidade de uma nova forma. O papel das startups é superar a crise que veio com as enchentes.

Mas, para isso, os empreendedores precisam pensar diferente, precisam de uma gestão mais adequada à nova economia”, argumenta Juliana Suzin, CEO e cofundadora da edtech Startup Academy. O momento é de gerir competências e habilidades, focando na reconstrução fundamentada em ecossistemas específicos das startups. Antes de tudo, é preciso voltar ao ponto inicial e reaprender como se criar – ou recriar – uma empresa, de qualquer porte. As startups devem já nascer com essa estrutura, essa cultura.

“A ideia de que só basta ter um sonho para fazer acontecer não pode ser levada à cabo mais. Antes de fundar ou reerguer uma startup, são necessários preparação, estudo e todo um ecossistema baseado em dimensões político-legais, em capital humano, infraestrutura, sustentabilidade, economia e sociedade”, reforça Alsones Balestrin, cofundador da Startup Academy.

“A realidade é que muitas pessoas abrem startups focadas em financiamentos externos ou de sociedades, em momentos que se veem sem outras opções, sem preparo e nem orientação, principalmente após uma tragédia climática como esta. O que acontece, então, quase que como consequência, são ideias que não se sustentam, não se renovam e nem se alinham à maturidade do negócio”, completa Juliana.

Susana Kakuta, que também é sócia e cofundadora da Startup Academy, frisa a importância do plano de voo da empresa, de dar “um cavalo de pau”, redirecionando o modelo de negócio ou mesmo o produto. É nesse momento que o pensar ágil das startups e sua capacidade de reinvenção são demandados com maior força, e isto precisa estar refletido num novo plano de voo.

Uma guinada deve incluir marketing, as vendas, a gestão, modelo financeiro e o desenvolvimento de produto; mas precisa emanar e comprometer, principalmente, as pessoas da empresa. “Tudo precisa estar alinhado com a estratégia e o mindset da startup”, complementa. Susana aponta ainda que são momentos como este que põem em cheque as inúmeras startups nascidas em amplos processos de fomento, nos ecossistemas, mundo afora. É sempre bom lembrar que: uma ideia nem sempre vira um produto, e um produto nem sempre suporta uma empresa.

O entendimento desta regra simples pode atenuar a alta taxa de mortalidade destes empreendimentos e, por outro lado, se bem aplicada, pode atuar positivamente no surgimento de negócios resilientes. Novas tecnologias como a IA tem modificado o cenário de startups de sucesso.

“Há um tempo, uma startup promissora levava, em média, cinco anos para virar unicórnio – empresa avaliada em mais de US$ 1 bilhão de valor de mercado. De 2021 para cá, esta espécie ‘rara’ ficou mais comum e nota-se uma ascensão tão rápida que algumas startups levaram apenas 12 meses para receber a mágica classificação.

O resultado é que temos centenas de unicórnios surgindo ao redor do mundo, na contramão de um grande número de negócios que não resistem ao primeiro ano por falta de gestão, com ênfase nos caminhos da sustentabilidade e resiliência”, explica Juliana.

Outro ponto focal é o tipo de governança. Após a tragédia no RS, é crucial voltar os olhos para questões ambientais, climáticas, preventivas, também para compliance e padronização de processos. “Ao relembrar e organizar os fundamentos e missões de sua startup, agora é hora de reagir, focado nas dimensões para o ecossistema dela e na resiliência, que tem que vir em lugar de destaque nesta nova mentalidade que se desenha.

Para que os empreendedores façam essa mudança de chave, a educação e a qualificação são fundamentais. Não sobreviverá no mercado quem não investir em conhecimento”, conclui a CEO da Startup Academy. – Fonte e outras informações: (https://www.startupacademy.digital/).