Angelina Assis (*)
O futuro da área de Recursos Humanos (RH) vem sendo amplamente debatido em nível global.
Diversos seminários e grandes congressos realizados a cada ano discutem novas perspectivas, alçando os profissionais do setor a um lugar de destaque dentro da estratégia de crescimento das organizações. Este merecido destaque chega depois de muitos anos, mas, como tudo na vida tem sempre dois lados, juntamente com o reconhecimento cresce o nível de exigência para quem trabalha com a gestão de pessoas.
Os novos desafios impostos aos profissionais da área são muitos e complexos. Destaco aqui os principais: pensar em como agilizar os negócios com a transformação digital; usar a inteligência de dados para apoiar a tomada de decisões; entender a dinâmica cultural da sociedade com o objetivo de contribuir e participar das mudanças no ambiente da organização; estudar a possibilidade de flexibilizar contratos de trabalhos de forma alinhada à reforma trabalhista — tudo isso entre muitas outras novidades impostas pela era digital, que demandarão rápido engajamento para a obtenção de vantagens.
Assim, aqueles que trabalham com gestão de pessoas precisam se atualizar continuamente sobre as transformações promovidas pela Indústria 4.0 e suas implicações cotidianas. As pessoas e a tecnologia estarão ainda mais interligadas, exigindo uma qualificação multidisciplinar para atender as novas demandas que estão surgindo.
Neste cenário, as cobranças sobre o profissional de RH só aumentam. Então, resta a ele desenvolver maiores habilidades tecnológicas e agir de forma mais estratégica e inovadora. E não é só: trabalhar bem em equipe e ter competências emocionais e sociais, além de visão holística para a tomada de decisão, são atributos diferenciadores.
Atualmente, os processos seletivos ganham velocidade e maior objetividade com o uso das plataformas digitais automatizadas e modeladas de acordo com as especificidades de cada vaga, exigindo grande cuidado e atenção dos RHs, seja no momento da divulgação da oportunidade, seja no processo seletivo — incluindo a análise de currículos, os testes técnicos, as ferramentas de avaliação comportamental e a entrevista de seleção — ou ainda nos processos admissionais e na integração de novos colaboradores.
A partir deste ano, minha aposta é que os principais requisitos para quem atua na área serão conhecimentos relacionados à integração entre o humano e o tecnológico (isso para quem não é nativo digital), e entre o individual e o coletivo. Quem dominar essas tendências certamente obterá sucesso, não só na sua própria carreira, mas também para as empresas em que atuam.
Em resumo, o que vai determinar o êxito ou não do gestor de RH é a educação continuada. Você atua na área e busca ter projeção profissional? Então se aprimore em ferramentas digitais, gestão de projetos, gestão da informação e desenvolvimento de habilidades comportamentais que envolvam inteligência emocional, criatividade, comunicação (inclusive com equipes remotas), flexibilidade e filosofia de integrador.
Reconhecendo essa necessidade de atualização, o mercado oferece hoje excelentes opções de aperfeiçoamento, e o melhor é que muitas delas podem ser realizadas on-line e em horários fora do expediente, de forma a não impactar produtividade e demandas. Design Thinking, metodologia Agile Scrum, ATS (software de recrutamento), metodologia People Analitycs e ferramentas de avaliação comportamental on-line são alguns dos conhecimentos que podem ser obtidos com cursos que agregam muito ao dia a dia do profissional.
Já para quem está em fase de decidir sobre a carreira, minha recomendação é abrir a mente e pensar nas ótimas oportunidades que existem na área de RH, já que o setor tem conquistado voz ativa e influenciado muito a tomada de decisões dentro das empresas. E eu não poderia deixar de ressaltar aqui que, neste segmento, é mandatório gostar de pessoas. Ter ótimos relacionamentos interpessoais e atuar de forma humanizada estimulam um ambiente de colaboração e contribuem para o sucesso de quem trabalha na área.
Não só o futuro do profissional de RH como toda a história do setor é sobre pessoas. Por isso, devemos ter sempre em mente que, mesmo em tempos em que falamos tanto de inteligência artificial e análise de dados, nada substitui o ser humano — e isso significa que o RH dificilmente perderá seu propósito e valor dentro das organizações.
(*) – É Psicóloga e Gerente de Relacionamento do Grupo Soulan
(www.soulan.com.br).