A proposta do cartão é ser um facilitador, possibilitando a compra e o parcelamento, quando não se tem dinheiro em mãos. Mas, na prática, muitas vezes, ele pode se transformar em um verdadeiro vilão. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 55% dos entrevistados não fazem controle dos gastos mensais com o cartão de crédito.
A falta de organização pode levar ao endividamento e à cobrança de uma taxa de juros simples ou compostos, o que pode tornar as dívidas uma verdadeira bola de neve. A situação é comum para quem sofre com a compulsão por compras. Segundo a OMS, o Transtorno do Comprador Compulsivo (TCC) atinge cerca de 8% da população.
Além disso, a falta de um planejamento financeiro pode fazer com que as pessoas recorram ao cartão de crédito para pagar contas do dia a dia, tornando os valores das parcelas mais altos do que conseguem pagar. Independente da origem das despesas, o teste de 30 dias sem usar o cartão de crédito também pode ajudar a reequilibrar a vida financeira. Diferentes estudos mostram que o cérebro é capaz de adaptar-se às mudanças e criar novos hábitos no prazo de 21 dias.
Sendo assim, após o período do desafio, poupar pode ficar mais fácil. Segundo a Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), conseguir economizar dinheiro é o primeiro passo para ter uma vida financeira mais estável. O valor economizado pode ser revertido para iniciar investimentos e construir uma reserva financeira. Dessa forma, o desafio proposto é uma maneira de incentivar os participantes a economizarem, o que pode ser o primeiro passo para mudarem completamente a sua relação com o dinheiro.
Como entrar no jogo? – A primeira medida a ser tomada é identificar a frequência com que o cartão de crédito é utilizado. Assim, é possível ter dimensão do que será necessário abrir mão para manter-se firme no desafio. A ideia é que, ao final, o participante consiga identificar como a compra de alguns itens e serviços podem ser dispensáveis na sua rotina.
Não usar o cartão de crédito pode ser uma oportunidade para acompanhar o orçamento e desenvolver a consciência do consumo consciente.
Para a influenciadora Yasmin Sirino, que topou participar do desafio, o desapego possibilitou maior controle dos gastos. “Agora, tenho mais consciência sobre o que preciso e o que é apenas compulsão”, afirmou em entrevista à imprensa. Ela ganhou destaque nas redes sociais por compartilhar a experiência de passar 90 dias sem usar o cartão de crédito. Ela ressalta que a terapia foi uma aliada para conter a impulsividade e concluir o compromisso que se propôs.
Assim como o uso limitado do cartão de crédito pode ajudar na estabilidade financeira, dicas simples podem facilitar a administração do dinheiro para não perder o controle das contas. Confira:
- – Fique dentro do orçamento – O orçamento é calculado com base nas despesas fixas – como aluguel, conta de luz, internet, entre outros – e variáveis, que podem surgir ao longo do mês. Assim, uma recomendação é fazer o controle dos gastos, identificando cada pagamento, para conseguir fechar as contas no final do mês. Uma dica é o uso de planilhas ou aplicativos para facilitar o processo de organização e visualização dos dados.
- – Defina prioridades – Ao longo do tempo, podem surgir imprevistos que impactem as contas, como trocar de celular, comprar um novo móvel, despesas com medicamentos, entre outros. Sendo assim, uma prática recomendada é a criação de uma lista de prioridades. Nela, você avalia o que é mais urgente para direcionar os recursos. Além disso, a medida também pode contribuir para impedir compras por impulso, uma vez que ordena os itens desejados por grau de importância.
- – Estabeleça um limite para as compras – Outra forma de não gastar além do previsto é definir um valor limite para a compra de itens não essenciais. A prática consiste no planejamento financeiro, ou seja, o valor destinado às compras só será definido após ter as principais contas quitadas, como moradia, transporte e alimentação. A medida pode promover maior tranquilidade ao comprador, uma vez que ele tem a consciência que seu orçamento está sendo respeitado.
- – Faça do investimento um compromisso – Especialistas em finanças orientam que os investimentos devem ser tratados de forma planejada, ou seja, todo mês, uma parte do salário será destinado às aplicações. Ter o compromisso em investir pode contribuir para a melhor organização das despesas, já que o aporte mensal precisa ser mantido. Assim, uma dica é avaliar seu orçamento e definir uma porcentagem para os investimentos. Fonte: ([email protected]).