O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ontem (16) que a pasta não tem recursos para equilibrar o mercado do leite com compras governamentais do produto e que a crise no setor deve ser resolvida com o aumento da demanda quando a economia melhorar.
Segundo Maggi, o leite não precisa de incentivos para ser consumido no Brasil e a retomada da economia deve resolver a situação dos produtores, prejudicados pela queda dos preços internos.
“Todos nós consumimos leite pela manhã, compramos produtos com leite. Para aumentar o consumo tem que aumentar a renda. Quanto maior a renda dos consumidores, mais eles partirão para a compra de comida e de insumos pessoais”. O ministro reconheceu que o governo poderia comprar o leite, estocá-lo e vendê-lo quando as condições de mercado estivessem melhores, por meio da Conab, mas disse que não há orçamento para isso neste momento.
Em todo o Brasil, há mais de 1 milhão de produtores de leite e há registro de atividade leiteira em 99% dos municípios. Em toda a cadeia do leite estão envolvidos cerca de 4 milhões de trabalhadores. Na semana passada, atendendo a uma demanda do setor e da Frente Parlamentar da Agropecuária, Maggi decidiu suspender as licenças de importação de leite do Uruguai.
O comércio com o Brasil é estratégico para o Uruguai. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram que o Brasil comprou 86% da produção de leite em pó desnatado uruguaio e 72% do integral, em 2017. Ao receber a notícia da suspensão, o governo uruguaio se disse surpreso e afirmou que a decisão foi tomada de forma unilateral pelo Brasil, sem nenhuma advertência anterior (ABr).