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Continuidade de Negócios como vantagem competitiva: bem-vindo a 2030

em Destaques
quarta-feira, 06 de outubro de 2021

Jeferson D’Addario (*)

Por que investir em Continuidade de Negócios (GCN) em um mundo multicloud e multiplataformas com alta disponibilidade? Por que investir em GCN em um mundo com cópias de segurança online e automáticas? Porque o mundo não é só alta disponibilidade, e provavelmente a alta gestão ainda não entende o que é a Gestão da Continuidade de Negócios de verdade e seu valor para o negócio e para os investidores.

A Continuidade de Negócios é uma parte da gestão empresarial moderna, ou melhor, da Governança Corporativa e da Governança de Riscos, que tem por objetivo diagnosticar tecnicamente riscos e dependências para minimizar perdas. Portanto, trata-se de business e não de tecnologia. Sabemos que os negócios atuais são 90% tecnologia, automatizando processos, estratégias de marketing, vendas, atendimento, suporte e serviços.

Mesmo assim, negócios são mais ou menos resilientes por vários motivos: Oportunidade de mercado; Demanda; Inovação; Resolução de problemas; Preço; Novidade; Serviços essenciais para uma determinada finalidade, como por exemplo Saúde; Riscos ou a falta de gerenciamento técnico deles. A resiliência é uma condição que os negócios têm, e sabemos que correr riscos faz parte dos negócios.

Portanto, podemos antecipar cenários de crise, gerenciar os riscos e estarmos preparados para minimizar perdas. Quando investimos, queremos solidez, força, inovação e algo que possa render mais e gerar mais riqueza. Fundos ou investidores individuais são sensíveis às redes sociais, TVs, as decisões de governos, e em um mundo de fake news isso é um risco a mais.

Demonstrar ao mercado que na estratégia de Governança e Gestão de Riscos utiliza-se de forma correta a Continuidade de Negócios, pode ser o diferencial de valor para um Valuation (M&A) ou o diferencial para investimento de um fundo ou grupo de pessoas que buscam as informações corretas nos websites ou na internet.

Normalmente quando invisto ou auxílio alguma empresa, oriento a buscar informações no website (relação com investidores), relatórios de auditorias, informações das seguradoras que assessoram aquele grupo e histórico de crises e/ou desastres para analisarmos a inércia ou falta de preparo e condicionamento para enfrentá-las.

Um dos diagnósticos mais importantes de um Programa de Continuidade de Negócios é a Análise de Impactos no Negócio ou em inglês: a BIA. Ela é um processo que é estabelecido e revisado anualmente (ou quando se tem uma mudança significativa no negócio) e serve para:

• Entender os processos de negócios ou linhas de produtos e serviços;
• Identificar, classificar e compreender os ciclos do negócio e os tempos necessários (RTO, RPO etc.)
• Identificar e quantificar os impactos (financeiros, operacionais, legais ou de imagem) causados pela interrupção dos processos ao negócio, quando interrompidos.
• Entender a dependência de pessoas, tecnologias ou até mesmo de fornecedores que os processos de negócios têm;
• Servir de base para compreendermos os tempos X processos de negócios (e o que entregam) X impactos ao negócio, e assim definirmos um apetite de riscos para tratamento e análise de estratégias de continuidade para Pessoas, Processos e Tecnologias.

Algumas perguntas importantes para a Alta Administração e/ou investidores fazerem às empresas:

• Quanto investimos em Continuidade de Negócios anualmente? (Budget) E o que protegemos de fato? Quanto isso melhora nossa resiliência? Testamos e validamos isso? Nota: Empresas certificadas na ISO 22301 são auditadas anualmente.
• Nossos parceiros sabem o que é a GCN? Possuem Planos de Continuidade? Eles sabem o que fazer se nossa empresa declarar uma situação de crise e acionar nosso Plano de Continuidade (PCN)?
• Temos contratado, ativado ou configurado os recursos de Continuidade (DRP) nos serviços de Cloud (infraestrutura e serviços em “nuvem”)? Nossas equipes de Cloud, DevOps, etc sabem o que é isso e como usar adequadamente?
• Como mostramos isso para nossos clientes, acionistas e investidores? Como usamos como vantagem competitiva e valor?
• O quanto isso está forte em nossa governança?

Em algumas empresas multinacionais, o engajamento e participação de executivos em exercícios simulados de ativação do PCN impacta o PLR (Participação nos lucros e resultados) e até bônus anuais. E o percentual de PLR das equipes e lideranças táticas também é medido através de indicadores e participação ativa no desenvolvimento e exercícios.

Dicas para a implementação da Gestão de Continuidade de Negócios:

• Leia a ISO 22301 e a ISO 22313;
• Busque ainda mais informações relevantes no DRII – Disaster Recovery Institute (USA) e/ou BCI – Business Continuity Institute (UK);
• Invista tempo e engajamento da liderança para um programa de Continuidade de Negócios corporativo, com uma Política de Continuidade de Negócios. Defina o apetite de riscos (aplicado a GCN) e invista na resiliência como valor;
• Entenda o negócio – invista e realize uma Análise holística de risco e uma BIA;
• Discuta e crie estratégias para pessoas, processos e tecnologias;
• Crie e implemente (governança) planos de continuidade para os processos críticos, tecnologias críticas (incluindo também automação industrial – T.A) e fornecedores críticos;
• Melhoria contínua – através de auditorias, controles internos, exercícios e testes periódicos, bem como indicadores e métricas (OKR, KGI, KPI) da GCN para medição.

(*) – É CEO do Grupo Daryus e especialista em Continuidade de Negócios e Gestão de Riscos (www.daryus.com.br).