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Conselho de compliance: como montar uma equipe eficaz?

em Destaques
quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Marcelo Erthal (*)

O compliance corporativo é uma das maiores responsabilidades e ações estratégicas de empresas de todos os portes e segmentos, capaz não apenas de garantir a conformidade legal em âmbito interno e externo, como também uma boa reputação no mercado e a alavancar seu crescimento.

Para garantir este e muitos outros benefícios, contudo, a organização de um conselho qualificado e preparado para a missão se torna uma tarefa imprescindível — fato que deve se tornar a prioridade para êxito nas operações organizacionais. Em meio a uma legislação complexa e constantemente passível de atualizações, é papel do conselho de compliance estar atento a essas mudanças e transportá-las à realidade das empresas.

São estes os profissionais responsáveis pela criação de mecanismos que tragam consonância da organização com as conformidades legais e regulatórias, por meio de uma política interna clara e comunicada com todos aqueles que trabalham no local.

Ao desenvolver e promover tais melhorias, a importância desta equipe ultrapassa questões legais.

Um conselho com a expertise necessária neste segmento gerenciará todos os controles internos, analisando os possíveis e maiores riscos à perpetuidade do negócio e preparando os times para tomar as providências necessárias caso se tornem realidade.

Todos esses fatores, uma vez sob controle, trarão uma governança corporativa mais robusta, íntegra e transparente, diminuindo as chances de ações judiciais, fortalecendo seus valores e, consequentemente, elevando sua imagem como marca contratadora perante talentos e a concorrência.

Diante de tantos benefícios incontestáveis, cerca de 56% das empresas já compreenderam a necessidade destas equipes e criaram uma área dedicada ao compliance, segundo dados divulgados pela pesquisa Panorama dos Programas de Compliance em Empresas de Capital Fechado do IBGC. E, ao contrário do que muitos imaginam, esta formação não depende de investimentos financeiros altos ou a contratação de uma alta quantidade de profissionais.

O tamanho de um conselho de compliance dependerá de inúmeros fatores, tais como o porte da empresa e seu ramo de atuação. Em companhias de grande porte ou que atuem em setores que lidem com um alto volume de dados, como exemplo, contar com um time maior pode ser uma estratégia a ser considerada para um desempenho mais assertivo de suas responsabilidades. Mas, independentemente do caso, todo o conselho deverá ser comandado por um profissional específico: o Compliance Officer (CCO).

Assumindo a liderança deste departamento, ele atuará diretamente na análise de riscos, verificação das políticas internas e adaptação da companhia perante as normais legais. Indo além, este profissional deve, constantemente, estar atento a possíveis brechas de inconsistências que possam gerar problemas de conformidade e assegurar que todos estejam preparados para evitar tais cenários.

Seu perfil é marcado pela resiliência, compreendendo a importância do cumprimento às regras e, acima de tudo, pela criação de uma comunicação clara e próxima entre todos os membros da empresa. Compondo o restante de sua equipe, o conselho de compliance é normalmente formado por um time multidisciplinar, formado por gerentes, analistas e assistentes.

Em organizações de grande porte, é comum ver ainda a presença de gestores e coordenadores, visando fortalecer as ações a serem aplicadas. Todos os membros devem, além de terem um conhecimento obrigatório nas regras legais e seu acompanhamento, compreenderem a fundo a composição da cultura organizacional, seus valores, visão e missão.

É importante ressaltar, contudo, que vivemos em um mercado que muda e sofre alterações a todo momento — o que torna o conhecimento desses profissionais, por mais preparados que sejam, passível de se tornar obsoleto rapidamente.

Na garantia de um conselho de compliance de sucesso, é dever também da empresa fornecer treinamentos que invistam em suas capacitações e atualizações permanentemente, a fim de que estejam sempre antenados às novidades legislativas e consigam, assim, levar o negócio rumo a um crescimento de destaque.

(*) – É CEO do clickCompliance, startup de tecnologia para gestão de compliance (https://clickcompliance.com).