Bete Marin (*) e Camilla Alves (**)
Muito se fala sobre as profundas transformações pelas quais o mercado de trabalho tem passado, sobretudo do ponto de vista do impacto da tecnologia. No Brasil, para além das questões tecnológicas e econômicas, novas reflexões sobre inclusão e diversidade têm pautado uma parte significativa desse debate. No entanto, pouco se fala sobre os preconceitos etários – e sobre como combatê-los em algumas profissões e ambientes corporativos. Na perspectiva de mulheres que vivenciaram a rotina de agências e do mercado publicitário, podemos falar com clareza que são raros os postos de trabalho ocupados por pessoas maduras, à exceção dos donos dos espaços.
Essa constatação mostra um contrassenso enorme, visto que a mudança etária do país demanda que os publicitários falem cada vez mais com o consumidor maduro. Na prática, como alcançar a plena compreensão sobre as demandas, os anseios, o modo de vida desse cliente quando se está tão distante dele. A mesma lógica vale para pessoas pretas, comunidade LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência. As agências, por exemplo, abriram vagas afirmativas e têm tido sucesso na inclusão de grupos minorizados; têm obtido êxito, também, na condução de mulheres a cargos de liderança dentro do mercado da propaganda. São vitórias que estão construindo um novo caminho para a profissão.
O mesmo não vemos acontecendo com os profissionais maduros – tanto os experientes na profissão quanto os que querem vivenciar uma segunda carreira –, estamos falando dos que nunca trabalharam no marketing anteriormente. Abrir espaço, dentro dos times de criação e de gestão de campanhas, para profissionais 50+ significa qualificar o entendimento sobre um consumidor que pertence à Geração Prateada. Vale lembrar que esse profissional maduro é um facilitador da comunicação intergeracional.
O fato é que o mercado publicitário precisa passar por um Letramento em Longevidade. E, depois dessa qualificação, pode se apoderar do conhecimento para ser um agente de combate ao etarismo dentro e fora das agências e empresas do mercado publicitário. As novas gerações de profissionais têm oxigenado o mercado nacional com um questionamento duro e uma visão propositiva para pautas sociais urgentes. Esse mesmo ímpeto pode ser usado para abordar a diversidade de uma forma ampliada, enxergando a problemática da falta de letramento em longevidade. Um ambiente multigeracional é uma força motriz para a construção do novo.
Um aspecto bastante relevante no papel do Marketing na transformação social – e que está inteiramente associado a ambientes diversos – é a própria demanda de clientes das agências e empresas para que equipes se envolvam em projetos de ESG (sigla em inglês para designar as dimensões de sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa). Cabe ressaltar que criar e gerenciar projetos consistentes na temática passa pelo respeito e pela inclusão da diversidade etária.
Na MV Marketing, temos feito esse trabalho de Letramento em Longevidade via cursos, workshops, dinâmicas e pesquisas conduzidas nas empresas e agências, focando nas equipes. Temos preparado equipes de marketing para saber falar e ouvir o público prateado. Nosso time, inclusive, é diverso porque vivemos plenamente o que pregamos.
E, como o Marketing pode ser peça-chave do combate ao etarismo? Elencamos 6 dicas práticas, que estão sempre presentes nos nossos treinamentos.
1 | Analisar dados e tendências do mercado prateado.
2 | Entender os novos perfis da maturidade.
3 | Incorporar o público 50+ nas estratégias de Marketing.
4 | Promover visibilidade e protagonismo dos maduros.
5 | Fomentar ambientes intergeracionais.
6 | Basear-se em dados para decisões estratégicas.
(*) É Empreendedora na Economia Prateada, é cofundadora das empresas MV Marketing, Hype50+ e do U+Festival.
(**) É Cofundadora da MV Marketing, a empreendedora atua desde 2018 na Economia Prateada.