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Como melhorar a experiência dos colaboradores que mudam de país a trabalho

em Destaques
domingo, 13 de fevereiro de 2022

Haroldo Modesto (*)

O termo experiência do cliente ganha cada vez mais os holofotes no mercado. Muito se discute a respeito. Mas, tão importante quanto atender às necessidades de quem consome os produtos e serviços, é criar melhores condições e oportunidades para quem faz toda essa engrenagem funcionar: os colaboradores.

E os impactos da Covid-19 no mundo corporativo evidenciaram ainda mais essa necessidade em organizações ao redor do mundo, em especial aquelas empresas com colaboradores atuando em países diferentes ao de sua origem.

Antes mesmo da pandemia, no que diz respeito à mobilidade global especificamente, tornar as políticas mais flexíveis visando atender às diferentes demandas e orçamentos, bem como às necessidades e o estilo de vida dos funcionários e suas famílias, são estratégias que já vinham sendo adotadas como parte da nova normalidade.

Inicialmente, muitas empresas apoiaram o conceito de transferências gerenciadas pelo próprio colaborador, no modelo faça você mesmo. Mas, a maioria destes não ofereciam opção de suporte pessoal. Foi então necessário ajustar os modelos de negócios – adicionando especialistas que poderiam resolver problemas e ser empáticos quando necessário e, desta forma, tornar esse processo bem-sucedido.

Até mesmo pessoas que amam tecnologia e as funcionalidades de autoatendimento querem ter uma opção que as possibilite conversar com um especialista.

E, por mais preparado que o colaborador esteja, a realidade é que mudar de país não é fácil. Seja uma transferência internacional ou expatriação estamos falando de uma experiência um tanto quanto estressante e de um processo difícil de executar por vários motivos.

Um destaque no que diz respeito a EX e CX, durante a pandemia, foi encontrar um equilíbrio entre a tecnologia e contato humano nas interações. As empresas em todo o mundo descobriram que seus funcionários precisavam deste toque humano.

E, aproveitando que a crise global, as incertezas e os desafios levaram a níveis mais altos de colaboração e compartilhamento de conhecimento entre empresas, mostrando a força que esta prática tem, gostaria de compartilhar umas dicas que podem ajudar a garantir uma maior eficiência nestes processos.

  1. – Foco na saúde mental e no bem-estar do trabalhador – Oferecer conteúdos informativos sobre saúde e um programa de assistência ao colaborador é algo que faz a diferença para a experiência de qualquer colaborador.

No caso dos transferidos, uma estratégia ativa e muito valiosa, é implementar sessões regulares de acompanhamento dos transferidos ou postar um pequeno vídeo de um porta-voz, compartilhando seus próprios desafios ou estratégias para o bem-estar de sua equipe, na intranet. Isso ajuda especialmente no início do processo.

  1. – Transformar a experiência do colaborador e deixá-la mais inclusiva – Os programas de mobilidade global voltados à diversidade, equidade e inclusão (ED&I) têm grandes resultados quando é feita a análise do perfil de pessoas que abraçam oportunidades internacionais de trabalho em suas empresas e também com a identificação dos gaps.

A sugestão é começar com gênero, etnia, LGBTQIA+, necessidades especiais e colaboradores vindos de mercados emergentes. Mesmo que não seja um estudo empírico, reúna mais dados, e tenha como base a seguinte pergunta: porque ainda a diversidade não é tão presente na mobilidade global e não há diferentes perfis de pessoas aceitando oportunidades de empregos internacionais? O que podemos fazer para mudar isso?

Sempre defina um desafio e metas a cumprir. O focus group, entrevistas em profundidade e discussões entre líderes de negócios podem ajudar a identificar possíveis ações a serem tomadas para alcançar os resultados desejados para esta cultura organizacional e de ED&I.

  1. – Repensar a visão do seu programa e políticas de flexibilidade. Que isso seja um trunfo e não uma barreira. Quando acontece uma flexibilização no programa e políticas de mobilidade global, os envolvidos na estratégia sabem o motivo pelo qual isso está ocorrendo? Enfatize e eduque as partes sobre as implementações realizadas visando atender às diferentes necessidades.

Políticas flexíveis em programas de mobilidade global é uma forma de apoiar a realização dos objetivos de ED&I e permitir que os trabalhadores mantenham seu estilo de vida. É importante estar atento às abordagens desta política flexível.

Se ela consiste, por exemplo, em oferecer a possibilidade de contratação de serviços adicionais sem orientação prévia, o colaborador pode ter ações inconscientes em favor da desigualdade de gênero, aumento de custos ou uma falta de consciência que pode criar uma barreira. Também é um bom momento para promover iniciativas de diversidades e inclusão e conquistar visibilidade.

  1. – Elimine tarefas repetitivas para o bem de sua equipe de Mobilidade Global – Simplificar e agilizar processos através da tecnologia e da digitalização são aspectos importantes para aprimorar a experiência do colaborador, mas nem sempre os resultados e ganhos são rápidos. Então, o que pode ser feito para resolver as tarefas rotineiras ou necessidades que sempre desmoralizam e cansam a equipe, como o burnout?

Para começar a agilizar estes processos, pergunte diretamente à equipe, se há alguma etapa ou processo, que se fosse extinto, tornaria imediatamente o trabalho melhor. Ou seja, descubra qual seria uma simples mudança que o líder poderia ativar e deixar os colaboradores mais felizes. Decidir junto a eles pode fazer uma grande diferença.

  1. – Incorpore metas de responsabilidade social aos programas globais de mobilidade – Atualmente, as pessoas cada vez mais querem trabalhar em empresas que se preocupam com causas sociais. E isso acontece também com os consumidores, que têm mais interesse em comprar produtos ou serviços de uma marca que compartilhe seus valores.

Sua empresa já deve possuir iniciativas que sustentam essa realidade, mas isso é utilizado em seu programa de Mobilidade Global? A sustentabilidade é um tema forte no mercado de mobilidade, mas ainda existem dúvidas de como proceder para incorporá-lo com sabedoria.

Utilize, por exemplo, caixotes de plástico ao invés de papelão, realize vistorias virtuais em vez de presenciais, ofereça opções de imóveis que permitam aos transferidos trabalharem de bicicleta quando não estiverem de home office, faça ações de voluntariado ou promoção do uso inteligente de energia e transporte ecológico.

Entender as mudanças e inovar torna-se imprescindível neste novo cenário corporativo, e seguindo estes importantes passos, sua empresa pode começar ainda hoje.

(*) – Executivo com vasta experiência no tema e country manager da Crown World Mobility, empresa que está presente no Brasil há 22 anos e apoia organizações em todo mundo na mobilidade global.