O coordenador do MBA de Marketing e Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, revela que o ano de 2020 marcará a chance para que as empresas pensem além do que estão fazendo e alinhem suas metas de marketing aos objetivos gerais do negócio. Esse movimento de mudança, aliada às novas tecnologias, permite que as empresas melhorem seus serviços e experiência com o usuário, aumentando o reconhecimento e a reputação da marca e, consequentemente, sua receita.
“Estratégias de Customer Experience é uma das estratégias que devem ser usadas neste ano. Em um ambiente de maior competição, o professor da FGV conta que a experiência do cliente se consolida diferencial e promete ser uma forte tendência de marketing em 2020. “Ao criar experiências para o público, as empresas criam um vínculo com ele e se diferenciam de seus concorrentes”, sustenta Miceli, ao citar o conteúdo visual como peça importante para agregar diferentes valores às estratégias de marketing.
“As estratégias visual-first abrangem diversos tipos de conteúdo como fotos, infográficos e animações. “Com o boom das pesquisas por voz e redes como Instagram e Pinterest nos últimos anos, esse é um movimento que o mercado deve ter atenção”, ressalta Miceli e lembra que a pesquisa por voz mostra-se em exponencial crescimento e com sinais de que continuará a ser uma grande influência para marcas criarem conteúdo e se comercializam online.
“Com cerca de um quarto das residências nos EUA possuindo Google Home, Amazon Echo ou outro alto-falante inteligente e 61% das pessoas, entre 25 e 64 anos, já usando um dispositivo de voz e pretendendo usá-lo ainda mais no futuro, fica evidente que este é um caminho sem volta. A voz guiará o mercado daqui frente”, destaca. Miceli observa que com a estimativa de 12% de crescimento ao ano entre 2020 e 2022, os avanços da Inteligência Artificial permitirão que as empresas a utilizem na automação de alguns esforços e, também, aplicá-la ao marketing.
“Por trás de tecnologias como pesquisa por voz e chatbots, a IA tem auxiliado a otimizar processos de marketing, possibilitando um maior foco às estratégias e criação de melhores experiências para o consumidor”, opina. Para ele, essa também pode ser uma ferramenta valiosa para marcas e negócios que querem se destacar em 2020. “E não se trata apenas de entretenimento: 90% dos consumidores afirmam que os vídeos ajudam a tomar decisões de compra”.
Mesmo que a jornada do usuário viva um momento bem menos linear, o professor da FGV pondera que não é possível descartar o caminho já conhecido: conscientização, aumento de leads e prospects de clientes. O digital tem um papel fundamental na entrega efetiva desses pontos, principalmente na criação de uma experiência unificada para o cliente. “Ao levar em consideração a comunicação do ponto de vista do consumidor durante sua jornada, é possível criar estratégias de contato ativas constantemente, que, coordenadas para todo o ciclo de vida dele, permitem o aumento da retenção e das conversões”, explica.
Por fim, Miceli lembra que se em 2019 os escândalos de vazamentos de dados, o direito à privacidade digital e regulamentações mundo à fora, como a LGPD, em 2020 o marketing vai encarar seus desafios próprios quanto ao tema. Daqui pra frente, o especialista diz que setor precisará rever estratégias e seus argumentos quanto aos níveis de coleta e armazenamento dos dados de seus usuários.
“Além do mais, quais serão as “moedas de troca” para ter em seus bancos as peculiaridades dos consumidores — sejam por entregas mais segmentadas, cashback ou conteúdo de valor — a negociação com o usuário terá que ser outra. Dialogar com esta nova área que surge dentro das empresas, como os profissionais de Data Protection Officer, será o diferencial para quem quer ganhar mercado sem furar a legislação” ([email protected]).