
Roberto de Lázari (*)
O Brasil tem um sistema tributário complexo, com milhares de normas em vigor. A complexidade é tamanha que um estudo do Banco Mundial apontou que as empresas no Brasil despendem, em média, até 1500 horas por ano com burocracia tributária. O estudo considerou o tempo utilizado no preparo, na declaração e no pagamento. Para compararmos, o cálculo de impostos e o cumprimento de obrigações acessórias nos países da OCDE leva, em média, 155,7 horas por ano.
A complexidade de nossa tributação faz com que empresas e organizações enfrentem inúmeras dificuldades, desde erros no enquadramento até má interpretação de regras. O resultado pode ser o pagamento desnecessário de tributos. Conforme apontou um levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, 95% das organizações brasileiras pagam mais tributos do que deveriam.
O dado é de 2022, mas retrata um cenário resiliente, pois as empresas brasileiras seguem enfrentando verdadeiros desafios em seus fechamentos tributários. No final de ano o problema se intensifica, uma vez que as empresas lidam simultaneamente com alto volume de informações, prazos rígidos e exigências regulatórias voláteis. A combinação desses fatores torna esse momento especialmente desafiador, e é exatamente por isso que a tecnologia passou a ocupar um papel determinante na mitigação de riscos e na aceleração das entregas.
O primeiro benefício concreto que a tecnologia traz é a transformação da qualidade dos dados. Processos manuais tendem a gerar inconsistências, retrabalho e interpretações divergentes entre áreas. Quando fluxos de cálculo, conciliação e classificação fiscal são executados por sistemas especializados, a empresa consolida uma base limpa e coerente, condição indispensável para assegurar um fechamento sem incidentes. Na All Tax trabalhamos com o TIMP, uma plataforma fiscal integrada, que faz correções e atualizações de forma automática no ERP antes do processo de apuração e geração das obrigações fiscais. Essa consistência é ainda reforçada por mecanismos automatizados de checagem e validação que operam de forma contínua e reduzem drasticamente a margem de erro operacional.
Ao mesmo tempo, a automação amplia a capacidade de resposta das equipes. Em vez de concentrar esforços em tarefas mecânicas, os profissionais direcionam sua energia para análises críticas e decisões que exigem julgamento técnico. Essa mudança de foco é fundamental para lidar com a complexidade tributária brasileira, para antecipar riscos e para compreender como cada obrigação influencia a performance financeira da organização.
O uso de plataformas integradas também elimina fricções entre áreas que tradicionalmente dependem de trocas manuais de documentos e planilhas. Quando informações contábeis, fiscais e operacionais circulam em um ambiente único, os gargalos se dissipam. A empresa trabalha com versões unificadas dos dados, ganha rastreabilidade em cada etapa e estabelece um fluxo de trabalho contínuo, livre das interrupções típicas de processos fragmentados.
Outro avanço relevante é a capacidade de adaptação às exigências regulatórias. Soluções tecnológicas modernas são desenvolvidas para absorver mudanças normativas com rapidez, mantendo o negócio alinhado ao regramento dos órgãos fiscalizadores. Essa atualização permanente reduz o risco de penalidades e proporciona maior segurança jurídica em um ambiente regulatório que exige precisão e agilidade simultâneas.
No fechamento de fim de ano, com um bom uso de tecnologia, toda essa estrutura se converte em velocidade real. A consolidação de informações ocorre em prazos significativamente menores, as análises são feitas com base em dados confiáveis e a preparação para auditorias se torna mais simples, pois o histórico está centralizado, organizado e pronto para consulta. O resultado é um processo previsível, que deixa de ser um ponto de tensão para se tornar um exercício de controle, transparência e eficiência.
A tecnologia não apenas otimiza o fechamento tributário. Ela redefine a forma como as organizações lidam com suas obrigações fiscais, fortalece a governança e sustenta decisões estratégicas em um dos momentos mais críticos do calendário corporativo. Ao adotar estruturas digitais maduras, as empresas ganham precisão, agilidade e resiliência, atributos essenciais para competir com segurança em um cenário cada vez mais exigente.
(*) Diretor Comercial e de Parcerias Estratégicas da All Tax, onde lidera a expansão de mercado e o fortalecimento de alianças em toda a América Latina.



