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Como a cultura organizacional pode beneficiar o advogado?

em Destaques
segunda-feira, 28 de junho de 2021

Reinaldo Nagao (*)

Geralmente, quando se propõe a discutir o campo de atuação do advogado e como ele deve se comportar atualmente, é comum centralizar todas as atenções na figura do profissional. Claro, é inquestionável a influência de características como capacidade, experiência e conhecimento, que fazem grande diferença para que os serviços sejam prestados com excelência e qualidade.

No entanto, dentro da realidade de um escritório de advocacia, não há como negar o impacto exercido pela cultura organizacional. Em qualquer organização empresarial, mostra-se intrínseca a contribuição do ambiente corporativo para a produtividade dos colaboradores, entre departamentos e setores distintos.

Deve haver um senso de coletividade, no qual o objetivo em comum precisa estar bem alinhado internamente. Porém, isso não precisa ser sinônimo de falta de individualidade ou personalidade. No universo jurídico, tal condição se aplica com fidelidade e recorrência, expondo a necessidade de se reformular uma questão que costuma fugir da zona de prioridades dos gestores.

Mudar é preciso: seu escritório está preparado? O segmento do Direito está em constante evolução, isso é fato. Em termos de metodologias de trabalho, práticas de gerenciamento, sistemas de fluxo e manuseio de dados, os exemplos são numerosos e desafiam escritórios pouco acostumados a mudanças.

Diante essa afirmativa, não há como negar o risco de se manter indiferente ou até mesmo estático. Indubitavelmente, trata-se de uma opção prejudicial e que pode comprometer a atuação dos profissionais, assim como a eficiência dos processos.
Mudar nunca é um movimento de fácil assimilação.

Especialmente se já existir um terreno bem concretizado, com uma zona de conforto absorvida por todos. Por isso, a participação dos líderes, maiores detentores do poder de decisão, carrega um peso de destaque para que essa transformação seja conduzida de forma abrangente e inclusiva, fato que nos leva ao próximo tópico.

Uma cultura organizacional orientada à inovação, com equipes alinhadas e advogados com foco exclusivo em suas maiores aptidões. Esse parece o cenário ideal, que representa com sucesso um escritório de advocacia compatível com 2021. O caminho para atingir esse nível de maturidade interna, sem dúvidas, requer a participação estratégica do líder.

Afinal, não se pode esperar que os times se adequem a uma nova realidade corporativa, se o exemplo é praticamente nulo por parte dos que comandam o negócio. Com as lideranças encarregadas de aplicar ações que visem o aprimoramento dos procedimentos, servindo de exemplo no dia a dia de trabalho, será questão de tempo para que os demais colaboradores acompanhem essa nova abordagem comportamental.

Vale enfatizar que as pessoas, componentes centrais de qualquer empresa, sempre serão as grandes responsáveis por modificar determinado cenário. Seguindo à risca a pergunta que intitula esse artigo, seria muito mais fácil propor uma lista de práticas e costumes a serem introduzidos no âmbito interno, de forma direta e didática. Entretanto, opto por considerar a complexidade do tema discutido.

É impossível oferecer uma equação condizente com todos os escritórios de advocacia do país, dada a situação corporativa que é particular a cada um. O que se pode afirmar, com pragmatismo e certeza, é a relevância de se deixar o lugar comum e absorver mudanças bem-vindas, tal qual o papel do fator humano nesse quadro de transição.

Dito isso, o ato de olhar para dentro e identificar pontos de melhoria deve ser um hábito rotineiro para o gestor. A auto avaliação, mesmo se constante, não pode ser classificada como algo negativo, independentemente se problemas existirem ou não; o espaço para o aperfeiçoamento estará permanentemente à disposição de todos.

Dessa forma, com uma política institucional voltada para a inovação, e a cooperação dos envolvidos no cotidiano das operações, a cultura organizacional será uma aliada de valor para que o advogado continue a atingir o máximo de seu potencial.

(*) – É sócio no FNCA Advogados. Formado em Direito, possui mais de 12 anos de atuação no mercado, com especialização no departamento de Direito Tributário (https://fnca.com.br/).