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Combustíveis, a nova Meca dos investidores

em Destaques
terça-feira, 23 de abril de 2024

Cleiton Santos Santana (*)

O mercado de capitais vem usando novos instrumentos de captação de recursos para projetos de infraestrutura e composição de Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios, o FIDC. Um dos setores mais rentáveis é o de energia e combustíveis, que movimenta trilhões de dólares em todo mundo. O mercado de combustíveis é marcado por uma série de características distintas.

No Brasil, os fundos de investimento em combustíveis são uma categoria de fundos que investem em empresas do setor de energia, especificamente aquelas envolvidas na produção, refino, distribuição ou comercialização de combustíveis como gasolina, diesel, etanol, gás natural, entre outros.

Esses fundos podem ser uma opção para investidores interessados em obter exposição ao segmento de energia e, mais especificamente, ao mercado de combustíveis. Para se ter uma ideia da amplitude deste ramo da atividade no país, o setor de óleo e gás chegou a representar 15% do PIB industrial, em 2022. Cerca de 8% provenientes do mercado de derivados de petróleo e biocombustíveis, e 7% da extração de petróleo e gás natural.

Com o aumento do foco em questões ambientais, sociais e de governança (ESG), os investidores podem procurar fundos de investimentos em combustíveis que considerem critérios ESG em suas estratégias de investimento, como investir em empresas com práticas sustentáveis e responsáveis.

E o Brasil vem destacando no mercado mundial pelo intenso debate em torno da chamada “Pauta Verde” na energia. Em especial os atores responsáveis pelos negócios no setor estão preocupados com sustentabilidade e com os impactos ambientais causados pela produção e consumo de combustíveis.

No Brasil, existe uma multiplicação positiva de investimentos no mercado de energia renovável e de combustíveis. Um fundo em especial, o BSO – Brazil Special Opportunities, conseguiu reunir duas classes de investimentos distintas, mas altamente atraentes e complementares.

O fundo tem como investimentos principais um FIDC, o ZEUS, que investe há mais de cinco anos no fomento da cadeia de combustíveis, e um FIP, o Atenas, que investe na infraestrutura logística do segmento. Entre os clientes fomentados pelo Zeus estão diversas distribuidoras de combustíveis, tradings e até uma refinaria de petróleo.

Mais recentemente, com a guerra da Ucrânia e a abertura de uma arbitragem especial com derivados de petróleo importados da Rússia, Emirados Árabes Unidos e outros países, o fundo passou a financiar também algumas tradings que importam óleo diesel e gasolina. Com operações de fomento de prazos curto de, no máximo, 60 dias, retornos ao redor de 3% ao mês e inadimplência baixíssima.

E com o sucesso, os investidores do BSO decidiram ampliar seu escopo de atuação e entrar no ainda mais restrito e rentável negócio de tancagem em portos. Para a missão, criaram um FIP, o Atena, que tem como investida principal a Stronghold Infra. Em seu primeiro ano de atuação, a Stronghold Infra adquiriu a Liquipar que logo no início de 2023, saiu vencedora do leilão terminal PAR50, um dos melhores complexos de tancagem do país localizado no Porto de Paranaguá.

Com capacidade atual de 71 milhões de litros e conectado à um dos mais eficientes piers do país, o terminal deverá ter sua capacidade ampliada para 200 milhões de litros até o final de 2025 e com investimentos na ordem de R$ 450 milhões. Com tanto projeto rentável dentro da cadeia de combustíveis no pipeline e o capital próprio exigido pelo mercado, o chamado “skin in the game”, o grupo pretende triplicar sua carteira de investimentos nos próximos dois anos.

Demais novos fundos também apostam em projetos que incentivam o desenvolvimento e adoção de fontes alternativas e renováveis de energia, como biocombustíveis (etanol, biodiesel), combustíveis sintéticos, hidrogênio verde, entre outros. O Brasil, como um dos líderes mundiais em investimentos em energia limpa, está na vanguarda de uma transformação crucial relacionada as mudanças climáticas e a preservação da biodiversidade.

Em 2023, o Brasil se firmou como o terceiro maior destino de investimentos em energias renováveis, demonstrando seu papel crucial na transição energética global com investimentos que superaram US$ 25 bilhões, segundo dados do relatório Energy Transition Investment Trends 2024.

A evolução dos investimentos em combustíveis reflete uma mudança em direção a uma matriz energética mais diversificada, sustentável e eficiente. Enquanto os combustíveis fósseis ainda desempenham um papel importante, há uma crescente tendência em direção a fontes de energia mais limpas e renováveis, impulsionada por avanços tecnológicos e preocupações ambientais.

E esse movimento posiciona o país como um player global no setor de energia.

(*) – É fundador cotista do Grupo BSO – Brazil Special Opportunities