A economia mundial vai enfrentar desafios ainda desconhecidos. Com negócios globalizados, tecnologias de ponta, inteligência artificial e atividades digitais, existentes num contexto em que se estima ter solução para quase tudo, um vírus atinge a humanidade na sua maior fragilidade: a saúde. Para além disso, provoca impactos ainda incalculáveis para a economia do planeta e, certamente, para sua população.
Defender a saúde das pessoas é a prioridade no momento, sem dúvida alguma, porém, simultaneamente, é necessário refletir e planejar sobre o antídoto para que esse vírus não seja avassalador ao contaminar também a saúde das empresas. Os reflexos já são sentidos em todas as atividades produtivas de todos os portes. As situações adversas, a cada dia, interrompem ou paralisam atividades pela restrição de deslocamento de pessoas, pela falta de insumos ou por outros fatores que inviabilizam a manutenção dos negócios.
A OCDE prevê que todas as grandes economias do mundo entrarão em recessão, estimando, principalmente, um acentuado declínio econômico para os próximos dois trimestres. A entidade defende que os países adotem providências essenciais para fazer frente à pandemia. Pelo menos quatro medidas são necessárias para esse enfrentamento: exames gratuitos para diagnosticar a doença; melhoria da assistência profissional de saúde; transferência de recursos para trabalhadores, principalmente aos autônomos, e adiamento da tributação das empresas.
O Brasil estimou, em fevereiro, que o impacto negativo da doença no país reduziria para 1% o crescimento previsto para 2020 do PIB. Porém, na última revisão, o governo cortou a projeção inicial de 2,1% para 0,02%. Com isso, as análises não são nada otimistas. Um estudo da FGV estima que o PIB brasileiro pode recuar em 4,4% este ano. E, ao redor do mundo, as projeções são de impactos similares.
Diante dessas projeções, planejar, desde agora, como se dará a resistência para a retomada econômica é uma imposição. A saúde financeira das empresas depende desse trabalho, e a classe contábil é, e será ainda mais, imprescindível para isso. Poderia afirmar que o remédio para a debilidade das finanças das empresas exige o preparo profissional para frear o descompasso financeiro no caixa. Se o cenário é de guerra, devemos analisar as armas disponíveis. Neste caso, as medidas anunciadas pelos governos são as ferramentas a serem usadas da melhor forma possível.
Entre elas, a prorrogação do vencimento de tributos, a flexibilização das leis trabalhistas e também o acesso ao crédito. Para tanto, é oportuno usar a cautela, o bom senso e o amplo conhecimento que temos no histórico das empresas e na capacidade de regeneração dos negócios. O inimigo é coletivo e amedronta as sociedades mundiais, expondo, de forma profunda e indiscriminada, a todos. Por isso, sobretudo, temos que defender os negócios que não dispõem de capital de giro suficiente para enfrentar a crise.
Os pequenos são os mais afetados com a queda de suas receitas, mas a reestruturação e recuperação no pós-crise afetará todos os empreendimentos, que terão que se organizar para liquidar impostos, pagar salários e fornecedores e investir, por mais distante que essa medida possa parecer. Neste momento, as recomendações do CFC – Conselho Federal de Contabilidade seguem este caminho para minimizar os impactos, diretos e indiretos da pandemia de Covid-19, junto à classe contábil, buscando mitigar os seus efeitos de forma assertiva.
Defendemos que, para enfrentar os nefastos efeitos práticos que a quarentena horizontal já tem gerado sobre a atividade econômica do País, das empresas e das pessoas, neste momento, deve prevalecer a união de forças de capitais interligados entre si: o Natural, o Humano, o Social/Relacionamento, o Intelectual, o Manufaturado e o Financeiro, que, atrelados, representam uma força motora indispensável para manutenção dos negócios.
Além disso, apesar do momento de instabilidade, as empresas devem desenvolver um processo de geração de valor alinhado aos objetivos para um desenvolvimento sustentável, que deverá prevalecer no pós-crise. O CFC também conta com as instruções da Federação Internacional de Contadores (Ifac, sigla em inglês), que une a experiência de profissionais de todo o mundo, tanto da academia quanto do mercado, e permanece atenta aos desdobramentos da economia global, repassando orientações aos profissionais brasileiros.
Todos os conselheiros do CFC e dos Conselhos Regionais de Contabilidade estão disponíveis e atuantes para apoiar os demais profissionais, buscando direcionar as medidas necessárias para reduzir os impactos dessa pandemia, sejam eles diretos ou indiretos. É emergencial que a consciência de todos esteja focada no resultado coletivo, diante do perigo real e imediato (AI/CFC).