Luis Arís (*)
As fintechs lideram a inovação de negócios e de processos financeiros da economia brasileira. O relatório 2021 Global Fintech Rankings, divulgado no final de 2021, reconhece o Brasil como um dos grandes ecossistemas de fintechs do mundo, líder absoluto na América Latina. Esse estudo indica que, de 2015 a 2021, o número de startups financeiras brasileiras passou de 474 para 1100.
Esse avanço é confirmado por análise realizada pela Associação Brasileira de Startups (Abstartubs) e divulgada no início de 2022. O segmento de fintechs é o segundo maior do muito diversificado grupo de startups, contando com 5,96% de participação. É importante destacar, ainda, que a presença das fintechs vai além das empresas com perfil de startups.
Os grandes bancos brasileiros estão tentando aprender com as fintechs, seja pela aquisição de empresas, seja pela criação de unidades puramente digitais e muito inovadoras dentro de sua própria organização. O resultado deste quadro é que, segundo a empresa de análise de mercado Market Data Forecast, fintechs de todo o mundo faturarão 324 bilhões de dólares até 2026.
. 90% das startups saem do mercado após cinco anos de vida – A pandemia e o Open Banking aceleraram ainda mais o surgimento de fintechs no Brasil. Nem todas, porém, devem sobreviver. Estudo da consultoria EU-Startups mostra que cerca de 90% das startups saem do mercado depois de cinco anos de sua fundação.
Dados como estes indicam que o impulso criativo e financeiro de empreendedores consegue, de fato, criar uma nova fintech. O sucesso em longo prazo da empresa depende, porém, da conquista da maturidade em várias frentes, da saúde financeira à confiabilidade da infraestrutura digital.
Empresa que já nasce digitalizada, a fintech muitas vezes salta etapas para alcançar mais rapidamente a plena operação dos negócios. É uma organização com orçamento e time enxutos. O foco inicial costuma ser o projeto e a implementação da rede e das aplicações. Só num segundo momento, depois do surgimento de problemas, investe-se em soluções e serviços de monitoração do ambiente.
Essa falta de consistência na gestão de processos e de tecnologia afeta profundamente o atendimento aos clientes e, em alguns casos, inviabiliza a construção de parcerias com instituições mais tradicionais, que exigem um alto nível de conformidade de seus aliados.
. Visão preditiva preserva a User Experience do cliente – O Brasil já conta, porém, com fintechs que se destacam pela maturidade de seus ambientes digitais. São empresas que compreendem que a aplicação é o centro de seus negócios e que a User Experience oferecida ao cliente tem de ser garantida a todo custo.
Para isso, entram em cena plataformas de monitoramento que atuam 24×7 para garantir, de forma preditiva, que os sistemas estejam disponíveis. Sensores medem o comportamento dos mais variados componentes do ambiente digital, do consumo de CPUs à velocidade com que a interface Web da aplicação da fintech baixa nos dispositivos de acesso.
Há plataformas que mapeiam os processos e o estado dos bancos de dados, atuando para evitar falhas e interrupções. É possível, por exemplo, usar sensores para monitorar o timing das transações financeiras e todos os componentes de TI necessários, incluindo a rede e os computadores que suportam as operações. No caso de falhas, a solução de monitoramento alerta sobre gargalos e aponta com clareza qual o elemento responsável pelo incidente.
Tudo isso acontece em ambientes muito complexos de aplicações e hardware, e infraestruturas híbridas em nuvem e on-premise. Os negócios da fintech dependem do time de TI conseguir ter visibilidade sobre o ambiente tecnológico como o todo. A meta é conquistar uma abordagem preventiva que, ao apontar com antecedência possíveis problemas, ajuda a melhorar a experiência do usuário e aumentar a confiança na marca da fintech.
. Redução do custo operacional da fintech – Contando com times reduzidos, as fintechs encontram nas soluções de monitoramento digital um aliado na redução do custo operacional. O fato de a organização ser 100% digital exige uma visão holística e preditiva desse universo — a meta é evitar falhas e, quando necessário, acelerar a restauração das transações financeiras. É comum que o ROI desse tipo de oferta seja obtido em poucos meses.
A vida da fintech brasileira é baseada numa série de disrupções e quebras de paradigmas que busca surpreender e encantar o cliente, seja um correntista, seja um investidor. Empresa que nasce digital, a fintech precisa, em 2022, equilibrar inovação e maturidade de processos. É algo essencial para evitar quebras e sustentar o crescimento do setor.
(*) – É Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler LATAM.