A relação comercial entre Brasil e China, que celebra 50 anos, segue em expansão com um aumento expressivo nas importações de produtos chineses. Esse “tsunami” de importações vem acompanhado de quedas de preços em diversos setores, impactando a indústria nacional.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), nesse período, a China se consolidou como o principal parceiro comercial do Brasil, com um crescimento notável tanto nas exportações brasileiras para o país asiático – uma alta de 59.300% – quanto nas importações de produtos chineses, que cresceram 9.800%.
Rodrigo Giraldelli, especialista em comércio exterior Brasil-China, destaca o fortalecimento do comércio bilateral, com o Brasil mantendo sua posição de destaque como fornecedor da América Latina para o mercado chinês. “Apesar do crescimento mais acentuado das importações – 14,5% no primeiro semestre de 2024 -, a balança comercial brasileira se manteve favorável, com um superávit de US$ 22 bilhões no mesmo período (dados do MDIC)”.
. Importações em alta, produção em baixa – Um estudo recente do Itaú revela que esse aumento de importações, intensificado no período pós-pandemia, resultou em quedas de preços em setores como químicos, metais, plásticos, têxtil e automotivo.
O estudo alerta ainda que a entrada de produtos chineses a preços menores pode contribuir para a desinflação de bens industriais, mas também levanta preocupações sobre o impacto na produção local. Setores como o têxtil, que viu um aumento de 19% nas importações, registraram uma queda de 23% na produção industrial.
Além disso, houve uma redução de 60% nos preços, enquanto no automotivo o aumento de importações foi de 500%. Giraldelli atribui o expressivo crescimento de 235% nas importações de veículos ao recente aumento do imposto para carros híbridos e elétricos, que levou as empresas a intensificarem as compras antes da entrada em vigor das novas taxas, em julho último.
“O expressivo crescimento no setor automobilístico deve-se ao recente aumento do imposto de importação para carros híbridos e elétricos no Brasil. As novas taxas são de 25% para modelos híbridos, 20% para híbridos plug-in e 18% para carros totalmente elétricos, em vigor desde o dia primeiro de julho.
Antecipando-se a essa mudança, as empresas intensificaram a importação desses veículos, buscando maximizar suas margens de lucro antes que as novas taxas entrassem em vigor, o que altera significativamente a balança comercial”, comenta o especialista.
. Oportunidades e desafios – O especialista ressalta a importância das empresas brasileiras aproveitarem as oportunidades oferecidas pelo mercado chinês, buscando expandir sua presença e competitividade nesse cenário globalizado. No entanto, o estudo do Itaú também aponta para os desafios enfrentados pela indústria brasileira diante do aumento das importações chinesas.
A queda de preços dos importados pode beneficiar os consumidores, mas também exige que a indústria nacional se adapte e busque formas de se manter competitiva. “Apesar das variações, a tendência é de um crescimento contínuo e diversificado nas relações comerciais entre Brasil e China, beneficiando ambos os países.
Através de um cenário de oportunidades e progresso mútuo, as expectativas para os próximos anos são de uma intensificação ainda maior do intercâmbio comercial entre China e América Latina, consolidando parcerias estratégicas e fortalecendo a economia regional.
Diante dessa perspectiva, é fundamental que as empresas brasileiras aproveitem as oportunidades oferecidas pelo mercado chinês”, finaliza Giraldelli. – Fonte e outras informações: (https://chinagate.com.br/).