Tiago Alves (*)
“Chamar o pessoal da TI”.
Quem vive o dia a dia do mundo corporativo muito provavelmente já deve ter vivido (ou viu alguém viver) essa experiência ao menos uma vez. E seja pelo motivo que for, a verdade é que a sustentação da área de Tecnologia à rotina das empresas é um serviço fundamental para garantir a alta disponibilidade exigida pelos usuários, dentro e fora das organizações.
A ascensão da Era Digital, com os recursos em Nuvem e dos modelos híbridos de trabalho, porém, estão colocando esse processo como conhecíamos em xeque. Afinal de contas, máquinas e estruturas que antes estavam dentro de casa agora estão mais móveis do que nunca. Será, então, que o velho conceito de Monitoramento de Redes continua sendo o suficiente para o sucesso dos times de suporte e TI?
A resposta é não – o que não significa que ele deva ser abandonado. Ao contrário, é tempo de complementar esse modelo. Primeiro, porque a camada física – na qual o monitoramento tradicional se apoiava – está totalmente diferente.
Hoje, os serviços estão rodando em múltiplas Nuvens, quase sempre sem qualquer dependência de recursos locais de infraestrutura. Ou seja, é preciso ampliar as checagens para além das fronteiras, expandindo o perímetro e mudando o caminho de análise para identificar, resolver e mitigar qualquer problema.
Outra razão é que a pressão por agilidade tem feito com que a verificação manual se torne impossível. São bilhões, trilhões de interpendências acontecendo simultaneamente, e é muito pouco provável que as verificações individuais consigam dar vazão aos inúmeros alarmes e avisos que ressoam nos painéis de controle dos times.
Fincar os pés e alocar pessoas exclusivamente para ver o que está acontecendo não é uma opção para as companhias, ainda mais em tempos de déficit na quantidade de profissionais especializados para a área de TI.
É nesse contexto que a proposta da Observabilidade ganha status de condição essencial para as equipes de NOC, suporte e desenvolvimento. Os motivos são bastante visíveis: a Observabilidade eleva o poder do monitoramento tradicional para o nível das aplicações e permite que as empresas tenham uma visão mais holística da performance de seus ambientes digitais, inclusive em Multicloud.
Isso é especialmente importante em um mundo onde a maior parte das companhias já possuem serviços em Nuvem alocados em fornecedores diferentes e com especificações distintas.
Segundo resultados de uma recente pesquisa da Dynatrace, empresa global especializada em inteligência de software e referência para o conceito de Observability, mais de 70% das maiores organizações globais estão sofrendo para lidar e endereçar seus dados, mantendo a alta performance de seus sistemas, diante da complexidade de gestão de ambientes cada vez mais plurais e dispersos.
Isso mostra o quão desafiador, hoje, é saber como adequar a rotina e agir de maneira prática na resolução de problemas (ninguém sabe onde está a anomalia e tampouco qual é a aplicação ligada a este problema).
Um dos pontos que levam a esse cenário é, certamente, o acúmulo de ruído, com alertas provenientes de todos os lugares possíveis surgindo. Saber filtrar esse conteúdo e ser assertivo é uma questão vital, pincipalmente por conta do binômio tempo e produtividade que precisa ser constantemente equilibrado.
E é especialmente nessa demanda que a observabilidade avança entrega mais um de seus benefícios, ao automatizar a análise dos ambientes, direcionando os profissionais de TI para os pontos em que realmente há a demanda de atenção – muitas vezes antes de que qualquer problema comece a surgir.
Isso remonta outra questão importante, que é fazer com que os times deixem de ser puramente reativos (resolvendo o que aparece) para também serem equipes propositivas, proativas, resolvendo e aprimorando a experiência e a performance dos antes mesmo de que um incidente cause algum tipo impacto ou interrupção. Aplicações indisponíveis, travando ou com tempo de resposta lento, por exemplo, são situações comuns que colocam o suporte de TI sob estresse. É preciso eliminar os pontos de atrito e facilitar a rotina dos times.
A observabilidade vai ao encontro dessa demanda, ao permitir o acompanhamento em tempo real de toda a estrutura de TI também sob a perspectiva dos usuários, mostrando onde – e de que forma – o suporte de pode atuar para melhorar a usabilidade das ferramentas (ou a experiência dos consumidores). Diferentemente do monitoramento tradicional, que fica restrito em algumas camadas e relatórios, a observabilidade avançada pode ser direcionada aos indicadores chaves da performance oferecida pelos sistemas aos usuários.
A capacidade de analisar e monitorar as redes de forma inteligente é uma oportunidade para que “o pessoal da TI” possa ir além da tarefa de encontrar e consertar problemas. É a possibilidade de liberar os times para pensar em inovações, seja para a prevenção de incidentes ou aprimoramento da performance digital da empresa.
Em um mundo no qual o tempo é se transformou em um ativo complexo (e difícil de se arrumar), ter a chance de fazer as coisas mais rápidas e com mais assertividade é um ganho que as companhias precisam agarrar.
Quem entender isso, terá o relógio a seu favor e abrirá espaço para priorizar as atividades que são realmente importantes e impactantes para os negócios.
(*) – Gerente de Managed Services da IT-ONE (https://itone.com.br/).