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A era dos Ys e Zs: o que as gerações mais desafiadoras têm ensinado às marcas?

em Destaques
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Rapha Avellar (*)

Nunca se falou tanto sobre gerações como no último ano! De acordo com um levantamento que realizamos, o interesse no assunto nunca foi tão alto. Houve um aumento de 127% na busca pela geração Z , 37% pela Y e 33% pela X.

Na verdade, acredito que a curiosidade em relação ao tema sempre existiu, mas atualmente ele está mais evidente principalmente pela enorme diferença entre pensamentos, interesses e valores, que tem intrigado as marcas a respeito do que esses novos consumidores esperam e como podem conquistá-los.

O fato é que nós, como sociedade, precisamos estar atentos a cada detalhe novo que se apresenta para entendermos mais profundamente como serão os próximos anos. Além disso, as marcas precisam estar de olhos e mentes abertos para entender o que é importante para esses novos consumidores.

Para isso, é preciso analisar o cenário como um todo. Mesmo com as diferenças que a própria tecnologia propôs, o contexto atual que estamos vivendo também impactou diretamente em como as pessoas se comportam hoje e no futuro. De todas as gerações, a Y e a Z, são as que mais estão sentindo os efeitos desse novo panorama. Por exemplo, diante das circunstâncias em que estamos inseridos, são elas que passam por índices recorde de desemprego e inflação.

Vemos aqui o poder de compra diminuir, o que abalou a preocupação e, consequentemente, a felicidade desse grupo de pessoas. O Brasil vive uma onda de desempregos desde de 2012, sendo agravada com a pandemia, em que 64% das pessoas tiveram seus trabalhos afetados, em especial os Gen Z e 50% dos millennials, que estão vendo sua situação financeira piorando ou mais estagnada no próximo ano.

Outro ponto importante que se transformou devido ao cenário atual foi a cultura organizacional. De um lado, as incertezas trazidas pela Covid-19 aumentaram a parcela de Millennials que desejam ficar mais de cinco anos no mesmo emprego (de 28% para 35%). Do outro, as companhias estão se adaptando às necessidades dessas gerações e fornecendo o suporte necessário para enfrentar esse período.
Ou seja, torna-se cada vez mais necessária a atenção das empresas a esses fatores de retenção e a mudança de mentalidade. Entre os assuntos que preocupam as gerações Y e Z, temos as questões climáticas como grande destaque desde a pré-pandemia. Inclusive, durante a pandemia, o assunto ficou em 2º lugar após as preocupações com a saúde. Os efeitos da redução da emissão de carbono durante o lockdown causaram um otimismo ambiental.

Com isso, 40% das pessoas (millennials e gen Z) acreditam que o comprometimento para tomar ações pessoais para os problemas ambientais será maior após a pandemia. Assim, a intenção de causar mudanças positivas nas comunidades locais e globais tem crescido, mas em um nível de atitudes individuais e com menor expectativa governamental ou privada.

Porém, mesmo que essas gerações entendam que para alcançarmos uma mudança real é preciso começar em casa, elas valorizam muito as empresas que causam um impacto positivo na sociedade. E, apesar de ainda desconfiarem das suas reais intenções, é fundamental que as companhias entendam a importância dessas atitudes para que se construa essa percepção global, aos poucos.

Cerca de 75% das pessoas afirma que, quando a pandemia melhorar, vão se esforçar para comprar de negócios locais e/ou pequenos comércios e 60% vai comprar de grandes empresas que atuaram positivamente durante a pandemia. Questões como igualdade e inclusão, também não foram esquecidas, e com certeza são preocupações reais para elas.

Observando todos esses pontos o que fica cada vez mais escancarado é que, apesar de estarem passando por situações desafiadoras, ambas as gerações acreditam que as empresas e governos têm mostrado respostas positivas frente à pandemia, e acreditam em novas oportunidades.

E, ao mesmo tempo que entendem que o seu papel dentro dessas transformações não é “esperar que as coisas aconteçam”, mas sim de “fazer acontecer”, eles também já sabem muito bem quem querem ao lado nessa luta: marcas que compreendam e dêem suporte às necessidades de toda a sociedade e que estejam atentas aos seus anseios e desejos pessoais.

Assim, o papel dos negócios hoje é ir muito além do arroz com feijão. Eles precisam entender seu público a fundo, todas as suas preferências, gostos, expectativas, entre outros. Para isso, é imprescindível que coletem e analisem uma quantidade imensa de dados e, apesar de parecer difícil hoje, essa tarefa é mais simples, até porque o mundo online é o universo dos consumidores de agora e tudo está lá, no celular.

Atualmente, todas as interações nas redes sociais, sites, etc., geram dados que, se analisados da maneira correta, serão o grande divisor de águas entre quem ganha e quem perde o game. Afinal, ter a capacidade de entender onde as pessoas colocam a sua atenção, e assim, estruturar uma maneira de entregar conteúdo para que elas conquistem ou tenham o que desejam alcançar é fundamental para o sucesso nos dias de hoje.

Além disso, mais do que oferecer o produto ou serviço que apresente a solução para determinada “dor”, é essencial também que essa empresa tenha valores reais e enraizados que se conectem com os seus consumidores, verdadeiramente.

(*) – Empreendedor em série e fundador da Adventures, primeira Brandtech da América Latina que está criando o maior ecossistema de marcas nativas digitais das Américas, é líder influente contando com mais de 1 milhão de plays em seus podcasts, The CMO Playbook e Nas Trincheiras.