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A contratação de jovens para o primeiro emprego

em Destaques
quarta-feira, 07 de dezembro de 2022

De acordo com o último relatório divulgado pela OIT, intitulado Global Employment Trends for Youth 2022, mais de 24% dos jovens brasileiros entre 15 e 24 anos estão fora do mercado de trabalho. Isso significa que em cada 4 jovens que buscam uma oportunidade de emprego 1 está desempregado.

O levantamento intitulado Síntese, realizado pelo Instituto da Oportunidade Social (IOS), aponta que 87,4% dos alunos que se formam no ensino médio vêm da rede pública no país, mas desses apenas 18% dos jovens com até 25 anos de idade buscam graduação e 74% deles cursam a graduação no ensino particular.

O que evidencia que para o jovem estar no ensino superior ele precisa ter a oportunidade do primeiro emprego, não o inverso. Mas, a falta de oportunidades no mercado, não é reflexo da não qualificação do jovem, pelo contrário pesquisas já apontam o quanto eles têm buscado cursos de capacitação profissional que os preparam para o mercado de trabalho.

Entretanto muitos entraves estão nos próprios processos seletivos das vagas como: o preconceito territorial, horários pouco flexíveis para que esses jovens possam aliar estudos e trabalho, a necessidade de estar cursando ensino superior para ocupar a vaga, entre outros exemplos.

Diante desse cenário, Kelly Lopes, Superintendente do Instituto da Oportunidade Social (IOS), que há duas décadas já formou mais de 42 mil jovens em cursos de formação profissional e atua na empregabilidade deles, aponta as principais atitudes para ajudar as empresas na construção de processos seletivos mais assertivos para jovens que buscam oportunidades de emprego:

  1. – Processos seletivos adequados para cada público — não basta criar um processo seletivo para contratação de jovens, é necessário entender suas especificidades. Jovens de periferia por exemplo, buscam cursos gratuitos de formação profissional para conseguir o primeiro emprego e em seguida cursar o ensino superior. Por isso, oferecer horários de trabalho flexíveis, eliminando critérios como a fluência no inglês são fundamentais;
  2. – Currículo não é tudo — em diversos processos seletivos mais do que o que é apresentado no currículo é avaliado e no caso da contratação de jovens, não é diferente. É preciso avaliar as habilidades do jovem para a vaga e principalmente suas soft skills que são fundamentais para a atuação no dia a dia;
  3. – Job Test e dinâmicas alinhadas com a vaga — ambos são ferramentas poderosas para que recrutadores possam compreender melhor como aquele candidato poderá desempenhar seu trabalho no dia a dia e perceber na prática as habilidades dele, mas é necessário que eles sejam de acordo com a vaga destinada e o que se espera dela;
  4. – Não passou na vaga? Feedback — é preciso reconhecer a importância do feedback especialmente para os jovens em início de carreira. Ele pode não ser o mais indicado para ocupar aquela vaga, mas mesmo na resposta negativa é necessário instrui-lo sobre quais aspectos identificados pelo recrutador é possível melhorar. Isso ajuda o jovem a evoluir e sem dúvida construir um profissional mais preparado para outras oportunidades;
  5. – Aproximar-se da realidade do jovem — durante processos seletivos perguntas como “quais seus projetos para daqui 5 anos?” não colaboram com o processo, pelo contrário por vezes o atrapalham, porque podem acarretar ao jovem características de com ou sem proposito. É importante ser empático e que a depender da realidade as perspectivas de futuro são diferentes, ser empático é fundamental;
  6. – CEP não é sinônimo de qualidade e habilidade — é necessário reconhecer as realidades do jovem brasileiro, especialmente os de periferia, que por muitas vezes são desconsiderados das oportunidades pelas regiões que habitam.

Por isso, mais que o CEP, as empresas precisam levar em consideração as habilidades e a qualidade desse jovem formado em cursos profissionalizantes e o que ele tem a oferecer;

“Tornar o processo seletivos mais inclusivo para jovens com cursos profissionalizantes permite que essas oportunidades sejam mais igualitárias e assertivas, além de contribuir para o desenvolvimento dessa força de trabalho”, conclui Kelly Lopes. – Fonte e outras informações, acesse: (https://www.ios.org.br/).