Vítimas
De certa forma em algum momento todos somos algum tipo de vítima. Resta-nos conhecer as circunstancias em que isso se fez acontecer.
Em geral podemos nos comover com alguma dessas situações que podem ou não nos surpreender. A surpresa vem com o inesperado, quando nem poderíamos pensar que aquilo fosse acontecer e ocorreu. Apesar de que em algum momento tudo pode acontecer, mas pensamos que pela ordem natural das coisas tudo possa ser quase permanente, até que alguém resolve agir por sua conta e praticar algum ato ilícito.
Se formos para o lado das histórias, cinematográficas ou não, podemos presenciar pessoas ou animais que forma vítimas ao serem sacrificados para satisfazer o desejo insólito ou passageiro de alguma divindade enfurecida em um rito sagrado. Aquele pobre ser imolado em nome de uma crença.
Temos as vítimas fatais, ainda em expressiva retórica do erro, já que é o acidente que é fatal e não a pessoa que foi atingida pelo resultado. Como daquele que enfrenta algum acidente com ou sem fatalidade. Passamos por aqueles que são feridos por alguém em uma disputa, em uma agressão, em ato de roubo apenas com violência ou seguido de morte.
Algumas de nossas crianças ainda continuam sendo vítimas de “bullying” que deixam de ir à escola com medo de serem agredidas. E o que falar da violência com as crianças em seu universo familiar. Em qual tipo de vítimas poderiam ser classificadas? Vitimas da sociedade?
Essas vítimas da sociedade estão com seus valores humanos e níveis relacionamentos cheios de vícios incontroláveis que podem alijar ou afastar as pessoas pelo preconceito, discriminação ou estupro. São números alarmantes da violência doméstica que deixam seqüelas para sempre na mente e nas almas.
Assim como as que enfrentam ou presenciam os desastres naturais ou as calamidades de guerras. Ainda não estão resolvidos os problemas enfrentados pelos habitantes de Mariana, em Minas. E os refugiados de conflitos armados, como no caso da Síria. Estudo efetuado em 2014 revela que de 162 países no mundo apenas onze não estão envolvidos nesses conflitos.
Há muitas vítimas a serem contabilizadas nesse momento.
Parece-me que fica sempre uma questão: afinal quem não sofre algum dano ou prejuízo? Quem não está passível de algum ilícito penal ou de estar em maus lençóis?
Por outro lado, há aquele sujeito valente que lutou contra todas as forças opressoras e tornou-se ícone de uma revolução libertadora. Faço uma ressalva: não confunda com os heróis construídos.
Há os que se fazem de vítima para serem menos julgados pelos seus atos se passando por exímios atores. O que se faz de herói. Desse nos resta que podem ou não serem descobertos de suas falsidades em algum tempo, que não se sustentam pela verdade somente de mitos e construções fantasiosas.
Nisso a competente observação e investigação histórica esclarecerá: nem sempre estaremos na frente de um herói, de um mártir, mas um manipulador profissional da semântica, valente em seu mundo de ilusões, que acaba ludibriando a todos nós, que somos as maiores vítimas.
(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).