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Comunicação e Relacionamento Humano

em J. B. Oliveira
terça-feira, 21 de março de 2017

Comunicação e Relacionamento Humano

J. B. Oliveira

Algumas pessoas ainda não perceberam, mas a base do relacionamento humano é a comunicação! Quem entendeu isso com muita clareza foi Chacrinha, que criou e imortalizou o bordão “Quem não se comunica se trumbica! ”, repetido exaustivamente em todo território nacional.

Pessoas que se comunicam bem tendem a não ter problemas com outras e, quando têm, são resolvidos com mais facilidade. Nem poderia ser diferente, pois a comunicação – a fala – é o que distingue o ser humano de todos os demais: somente ele – imagem e semelhança de Deus – detém essa bênção.

A esta altura, alguém poderá objetar: “ – Opa!  O papagaio fala! ” Fala mesmo? Não, claro que não. O papagaio apenas repete mecanicamente aquilo que ouviu, sem nenhuma preocupação de lógica ou coerência. Isso não é falar; isso é apenas “papagaiar”. Falar é muito mais do que isso; é transformar sentimentos, emoções, pensamentos, ideias e ideais em som articulados, modulados, inteligentes e inteligíveis, exprimindo o que nos vai no cérebro e na alma. Por isso, só os seres humanos falam!  Porém… é necessário considerar que esses seres especiais pertencem a dois grandes grupos principais: Homens e Mulheres, e isso faz toda a diferença. São do mesmo gênero: gênero humano, mas de naturezas diferentes. Uma é a natureza masculina e outra, a feminina. Essas diferenças são físicas, cerebrais, comunicacionais, comportamentais, neuronais, hormonais e que tais! E isso está suficiente e cientificamente comprovado.

De início, é sabido que o cérebro masculino é maior do que o feminino. Além disso, Berte Pakkenberg, cientista de Copenhague, demonstrou que o homem tem cerca de 4 bilhões de neurônios a mais que a mulher… 4 bilhões!

Entretanto, Roger Gorski, da UCLA – Universidade da Califórnia, provou que a mulher usa muito melhor os neurônios, simplesmente por não se restringir – como normalmente o faz o homem – ao uso solitário do hemisfério esquerdo do cérebro. Ela cruza as informações deste com as do lado direito, que é o da emoção, formando assim um raciocínio intelecto-emocional, evidentemente mais amplo, mais rico e mais completo do que o meramente racional! A mulher usa cerca de 30% mais do que o homem o corpo caloso, uma espécie de feixe espesso de fibras nervosas entre os dois hemisférios e que transporta entre eles 4 milhões de mensagens por segundo! Com isso, somando razão e emoção, ela estabelece uma quantidade muito maior de sinapses entre os hemisférios.

O casal de cientistas Sally e Bennet Shaywitz, do Yale Center for Dislexia and Creativity, da Universidade de Yale, demonstrou que homens e mulheres usam de forma diferente o cérebro: enquanto ele se vale quase que exclusivamente do hemisfério esquerdo – da lógica, das coisas tangíveis – a mulher privilegia o direito – da emoção, da sensibilidade.

Essa divergência de utilização do cérebro gera diferenças tanto comportamentais quanto comunicacionais! Costumo dizer que homem e mulher falam a mesma língua, mas em “dialetos” diferentes! Ele fala o dialeto que chamo de “hominês”: as expressões são literais, diretas, objetivas. Ela, o “mulherês”, que é mais subjetivo, figurado e em que as palavras não guardam muita relação com o sentido… Em um curso que ministrei para gerentes da MWM Motores, um deles disse: “Em casa é assim: eu tenho uma porta no guarda-roupas; minha mulher tem cinco. Quando comentei que a empresa ia dar um jantar para todos os funcionários para comemorar seus 60 anos de Brasil, sabem o que ela disse? ‘Não tenho roupa’”…

Aí está: ele ouviu em “hominês”, em que não ter roupa é precisamente não ter roupa! Mas em “mulherês” o que ela quis dizer foi totalmente diferente. Algo como “– Eu não me sinto confortável para ir a uma festa em que estarão seus subordinados, colegas e chefes (e, claro, as respectivas esposas!) com as roupas que tenho”!

Aliás, um bom “laboratório” para observar esse fenômeno é exatamente uma festa! Observe este exemplo: estão frente a frente, e ela diz: “ – Olhe quem chegou! ” Ele, é claro, olha. E leva um cutucão na costela: “ – Não é pra olhar! ”, ralha ela entredentes e ele não entende mais nada! Ora, em bom “hominês”, “olhe” é o imperativo afirmativo do verbo olhar: volte os olhos para. Em “mulherês”, não; nem verbo é. É uma mera interjeição, da mesma espécie de “Imagine! ”, “Puxa! ” E assim como quando ela fala “imagine” você não precisa imaginar nada, e quando ela diz “puxa” você não tem de puxar nada, quando ela fala olhe! você não tem de OLHAR nada! Só deve ficar imóvel, estático e preparar-se para OUVIR, porque OLHE – em “mulherês” – significa que ela vai “tecer considerações aleatórias” sobre alguém, geralmente do mesmo sexo feminino, que acaba de adentrar o recinto…!

É por isso que as mulheres que entendem um pouco de “hominês”, dizem: “Não olhe AGORA…”

 

*J. B. Oliveira, consultor de empresas, é advogado, jornalista, professor e escritor.

É membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Cristã de Letras.

www.jboliveira.com.br – [email protected]