Intuição existe mesmo? E… funciona?
J. B. Oliveira
“Em psicologia, intuição é um processo pelo qual os humanos passam, às vezes e involuntariamente, para chegar a uma conclusão sobre algo. Na intuição, o raciocínio que se usa para chegar à conclusão é puramente inconsciente, fato que faz muitos acreditarem que a intuição é um processo paranormal ou divino.” (Wikipédia)
A origem etimológica da palavra intuição é o substantivo latino intuitio, intuitiones: “imagem refletida no espelho”. Depreende-se, portanto, que se trata de algo intrínseco, do âmago do ser. Segundo Einstein, “a única percepção verdadeiramente importante é a intuição”.
Howard Gardner, psicólogo americano especialista em teorias da mente, fala da “necessidade de desenvolver um tipo de inteligência intuitiva, por meio da qual podemos ser mais receptivos ao nosso mundo interior”. Importa destacar foi ele quem, em 1983, abalou o mundo cognitivo com sua teoria das Inteligências Múltiplas. Inicialmente, sete: inteligência visual/espacial; musical; verbal; lógica/matemática; interpessoal; intrapessoal e corporal/cinestésica. Posteriormente agregou 2 outras: a inteligência naturalista e a existencialista. Os testes tradicionais só usam a inteligência verbal e a lógica/matemática.
Afinal, o que é intuição?
Em linguagem simples, é quando nosso espírito dá um pulinho fora do racional e vê alguma coisa não processada pelo mecanismo cerebral! A Universidade Northwestern, que está estudando a matéria, afirma que ao “chutarmos” uma resposta, acessamos algumas lembranças que nem sabemos que temos, e concluem que o “chute” não tem a ver com o saber – e que a intuição funciona!
Quando eu era Controlador de Voo da Força Aérea Brasileira, operando em Congonhas, em minha equipe trabalhava um jovem colega, Edinho, carioca de bem com a vida, estimado por todos. Pouco mais das 11h00, em um sábado, ele perguntou se eu poderia acumular seu setor, para poder sair mais cedo. Sua irmã, de surpresa, viera a São Paulo e o Com satisfação, atendi seu pedido. A jovem lecionava inglês no Rio e decidira vir comprar um livro que não encontrara por lá. Foram à livraria, almoçaram pelo centro e voltaram à pensão onde Edinho morava, junto ao aeroporto. Pelas 17h00, ele a acompanhou ao embarque, e voltou à pensão. Foi quando viu que ela havia esquecido o livro! Sem pestanejar, correu ao aeroporto, apresentou-se no balcão da companhia aérea e embarcou. Naquela época, os Controladores de Voo tinham essa regalia: bastava a simples apresentação da carteira funcional para viajar, sem custos e sem formalidades… O avião decolou às 18h00 e cerca de cinco minutos depois caiu no Planalto Paulista!
A essa altura, sua irmã chegava feliz em casa e contava à mãe ter estado com o Edinho, que lhe dissera que daí a 15 dias, no Dia das Mães, iria cumprimentá-la.
Foi então que, em edição extraordinária, uma emissora de rádio deu a notícia do desastre. De imediato, em prantos, a mãe disse: “Meu filho estava nesse avião, e morreu!”
Por mais que a filha argumentasse que isso era impossível, pois ele só viria 15 dias depois, ela não se conformava e, chorando copiosamente, repetia: “Meu filho morreu! Meu filho morreu!”
Pouco tempo depois, a informação detalhada dava a relação das vítimas. Edinho era uma delas!
O que levou aquela mãe – contra todas as convicções e contra a lógica – assegurar o filho estava entre os mortos?
Intuição. A mais forte delas: a de mulher-mãe!
*J. B. Oliveira, consultor de empresas, é advogado, jornalista, professor e escritor.
É membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Cristã de Letras.
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