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Insegurança

em Colunistas, Mario Enzio
sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Insegurança

Com tantas notícias sobre assuntos policiais temos a sensação de insegurança e impotência sobre as leis que não nos protegem.

Em detalhes podem ser crimes motivados por simples desavenças, disputas e querelas das fraquezas das pessoas. Por mais que saibamos de como lidar emocionalmente com essas mazelas – essa doença da desumanidade -, que acometem a razão e o bom senso, ainda assistimos diariamente atos de descontrole e toda gama de atrocidades.

Alguns que chocam pelos níveis de detalhamento cruel e premeditação pelo desfecho e menosprezo à vida. Não raro para muitas pessoas as páginas de notícias policiais são deixadas de lado. Outras apreciam ou valorizam a divulgação desses fatos que criam cenários de terror. Mas, o que passa na cabeça de quem pratica um crime?

Há muitos estudos sobre o crime e o castigo, sobre criminosos em série e mentes deturpadas que nada sentem de prazer na vida a não ser ferir e maltratar o outro. Uma espécie de ser humano fora da casinha, completamente desprovido de consideração ou bondade. Há quem diga que o criminoso ainda nutre algum sentimento por determinadas pessoas, ou seja, ele não é de todo mal.

Há uma parte, em seu emaranhado de contradições, um sinal de que poderia haver compaixão. Por algumas poucas pessoas, em um ciclo bem restrito, que pode até ser somente uma pessoa com a qual existiria relativo respeito e subserviência. Entretanto, essa relativa modéstia seria até que seus crimes sejam descobertos, ou até quando essa pessoa não lhe impusesse freios.

Estamos em um campo minado entre o desequilíbrio de uma mente perturbada e a necessidade de atingir a sociedade com um fato polêmico que possa marcar com êxito a sua trajetória de vida. Algo podre impera entre a mentira histórica e o sucesso no caminho da contravenção: a necessidade de viver desafiando o perigo.

Nesse contexto, mentes criminosas podem ter vários níveis de interesse e classificação. Vão dos pequenos crimes de furto de um pacote de feijão e arroz de quem nada tem o que comer: o furto famélico, que até chega a ser tolerável, aos de toda gama que compõe um Código Penal.

Desse múltiplo e amplo espectro de seres chega-se ao servidor publico ou ao político profissional que numa condição de conhecer das entranhas e as vírgulas da lei, conseguem manipular essas regras para que levem vantagens. Na verdade o seu trabalho é exatamente esse: descobrir onde pode haver uma brecha que o beneficie.

Não estamos aqui para querer entender o pensamento de quem quer se eleger para levar esse tipo de vantagem indevida ou desviar recursos públicos, mas para deixar claro que mentes assim existem em constante exercício nessa pratica dolosa ou fraudulenta.

E os noticiários se alternam um dia na página policial outro na de política, de um lado os mocinhos e do outro os bandidos em suas praticas criminosas e, em geral, em liberdade sob leis desatualizadas.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Email: ([email protected]).