Heródoto Barbeiro (*)
O governo quer pôr a culpa do alto preço do combustível na tensão no Oriente Médio.
As divergências entre nações e empresas petrolíferas são tão antigas como os motivos que levaram o mundo a I Guerra Mundial. No entanto, de lá para cá as nações que tem planejamento e visão do futuro se organizaram para enfrentar uma crise de petróleo que pode ocorrer a qualquer momento. Uns países optam por diminuir o consumo.
Outros de procurar alternativas que no futuro serão chamadas de sustentáveis como a energia elétrica proveniente da água, sol ou vento. O cidadão não pode ver o sonho de ter um carro ser impedido de passear no campo ou levar a família para um final de semana na praia porque os combustíveis escasseiam no Brasil.
Todos sabem que o país importa petróleo e se os produtores fecharem as torneiras ninguém vai escapar da crise. A parte mais visível dela é o aumento do combustível na bomba de gasolina. O governo não pode reclamar dos impostos que são gerados na indústria automotiva. Um carro de classe média paga quase a metade do preço em imposto.
O mesmo se dá com a gasolina. Cria-se um oil way of life em que o petróleo abundante e barato é o combustível do crescimento rápido. Isto mudou. É quase um pecado ter um carro próprio para uso tanto no trabalho como no lazer. Afinal de contas, a instalação da indústria automotiva no Brasil teve um alto preço, entre eles o sucateamento das ferrovias para beneficiar as fábricas de caminhões.
O país já produz, transporta, exporta, importa, compra, vende em cima de pneus. O que mais o presidente quer do cidadão brasileiro ? Ninguém podia prever que a moeda nacional despencasse diante do dólar ao mesmo tempo que o preço do barril de petróleo subisse. O óleo se transforma em uma arma política. Este é um fato novo e que não está no radar de nenhum grupo de estudo geopolítico de qualquer governo.
O preço dos barris de petróleo disparam no mercado mundial. Isto é um fato e não uma narrativa. Os países produtores se organizam em um cartel internacional para peitar as chamadas Sete Irmãs, empresas ocidentais gigantescas que têm o oligopólio de extração, transporte e venda do petróleo.
Inicia-se uma nova realidade no Oriente Médio, fonte de maior parte da commodity, com o acúmulo dos petrodólares. Ao presidente não resta outra alternativa senão partir drasticamente para a contenção do consumo.
Ernesto Geisel edita um decreto que proíbe o funcionamento dos postos de combustíveis das 23 horas às seis da manhã do dia seguinte, de segunda a sexta. Fechamento total dos postos nos sábados, domingos e feriados nacionais.
Uma medida radical. O que fazer com os poderosos carrões nacionais de oito cilindros que consomem a cada 4 quilômetros um litro de gasolina? Isto pode iniciar a atividade ilícita e perigosa de venda de combustíveis no mercado paralelo. O que fazer para voltar para a casa se a gasolina acabou em uma cidade distante?
(*) – Jornalista do R7, Record News e Nova Brasil fm (www.herodoto.com.br).