Heródoto Barbeiro (*)
O presidente democrata se interessa pelo Brasil. Não se trata de uma paixão pelas belas praias brasileiras.
É uma reafirmação da política externa americana que nasceu com a Doutrina Monroe, resumida no jargão “a américa para os americanos”. Do norte. Acrescentam o que enxergam nessa afirmação a consolidação do que chamam de imperialismo yankee na América Latina.
Afinal tanto democratas como republicanos realizaram intervenções militares no continente que se intensificaram na primeira metade do Século 20. Os marines desembarcaram para proteger as empresas americanas ameaçadas pelos governos locais. Do seu lado o presidente brasileiro tem que se acomodar diante da potência econômica, militar e política do Tio Sam, goste ou não do democrata e do seu programa do governo.
Os americanos estão de olho na Amazônia, que consideram estratégica para os seus interesses mundiais. De uma forma ou de outra a continuação dos negócios entre os dois países depende de uma acomodação da política externa brasileira. Ninguém desconhece que o relacionamento entre os dois países não é tão intenso.
O mundo caminha para uma nova concertação liderado pelos Estados Unidos da América. Os analistas internacionais veem no horizonte uma disputa maior com o gigante comunista que condiciona a geo política contemporânea.
O Departamento de Estado está atento para o crescimento do rival e a ameaça que pode representar a médio e longo prazo, afinal, a hegemonia não se constrói de uma hora para outra e depende de um jogo diplomático e de pressões que atravessam as décadas, ora mais próximo, era mais distante dos aliados dependendo dos interesses dos grandes grupos econômicos e políticos.
O Brasil é considerado um país estratégico não só pela sua dimensão territorial, mas principalmente pela produção de matérias primas importantes para a máquina militar americana. Uma política de Boa Vizinhança é uma estratégia que favorece os dois países.
O ministério de relações exteriores, e o próprio governo, tem que engolir, gostem ou não, a presença do presidente democrata americano em território brasileiro. A agenda estabelece que ele vem visitar a região norte, onde está a Amazônia e áreas que a estratégia americana considera importantes para a presença militar.
A questão central é a aliança entre os dois países para a instalação de bases militares no litoral uma vez que o conflito se estende para a África e o Brasil está na rota de abastecimento das forças aliadas que lutam contra os exércitos alemão e italiano, que ameaçam o domínio secular de ingleses e franceses naquela região o mundo. De volta de uma conferência em Casablanca, no Marrocos, o presidente democrata Franklin Roosevelt faz uma escala em Natal, no Rio Grande do Norte.
É recepcionado pelo ditador brasileiro Getúlio Vargas no auge do seu poder autoritário e que recentemente deu uma guinada na política internacional com uma aproximação com os Estados Unidos. Abandonou o namoro com as potencias do Eixo, com que simpatizava ideologicamente, e aderiu a real politik, ou seja não é possível dizer não aos interesses americanos na região.
Brasil e Estados Unidos se aliaram na guerra contra Alemanha, Japão e Itália e os afundamentos de navios nacionais são o mote que anunciaram a declaração de guerra contra o Eixo.
(*) – É âncora do Jornal da Record News em multiplataforma.